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Keith, o pseudónimo masculino das empreendedoras que ‘queriam ser levadas a sério’

A igualdade de género continua a afirmar-se como um problema da sociedade actual. Escritoras como as irmãs Brontë, George Eliot e, mais recentemente, J.K. Rowling, utilizaram pseudónimos para afastar os preconceitos e assunções relacionadas com a inteligência e criatividade das mulheres.
3 Setembro 2017, 11h00

Witchsy é a loja online de ilustrações peculiares criada há um ano por Penelope Gazin e Kate Dwyer. A empresa sediada em Los Angeles conseguiu desde a sua abertura gerar 200 mil dólares em vendas e captar a atenção do Vice e do site de moda Racked. Recentemente, as empreendedoras partilharam a sua surpreendente estratégia de negócio com a Fast Company, diz a Quartz.

Ao deparar-se com demoras nas respostas que, muitas vezes, eram rudes e condescendentes, decidiram juntar ao projecto um co-fundador do sexo masculino – Keith Mann – para facilitar a comunicação com artistas, developers e designers. O engraçado da história é que o novo co-fundador, o Keith, não existe, é apenas uma assinatura de e-mail.

Durante seis meses, Keith lidou com os associados que demonstravam pouco interesse em trabalhar com as mulheres – tudo por e-mail. E tudo mudo.

Antes da criação de uma personagem masculina, Dwyer e Gazin contam que “ninguém nos levava a sério” mas, realçam que o sexismo que enfrentavam era subtil. Dwyer explica que “demorava dias a receber uma resposta e Keith conseguia, não só receber uma resposta e uma actualização do status, mas também ser auxiliado em relação aos assuntos”. Keith teve sempre de cancelar as conferências à última hora.

Uma situação deste género já tinha sido conhecida, mas com um homem a fazer-se passar por mulher. Martin Schneider começou a utilizar a assinatura de uma colega de trabalho, Nicole Pieri e notou que os clientes eram mais rudes na comunicação. Quando voltou a assinar com o seu nome, a mudança de atitude foi drástica.

A igualdade de género continua a afirmar-se como um problema da sociedade actual. Escritoras como as irmãs Brontë, George Eliot e, mais recentemente, J.K. Rowling, utilizaram pseudónimos para afastar os preconceitos e assunções relacionadas com a inteligência e criatividade das mulheres.

O site Quartz escreve que “o que é surpreendente não é que a tática [de inventar um homem] ainda seja bem-sucedida, mas sim que continue a ser necessária no século XXI. Numa era que promove a igualdade de género, as crianças ainda absorvem mensagens distorcidas sobre os sexos”.

A ‘troca de identidades’ permitiu que as mulheres descobrissem a melhor forma de se relacionar com os parceiros, contam. Depois de abandonarem Keith, tornou-se mais fácil serem “levadas a sério” já que o site ficou operacional “antes da sua partida da empresa”, concluem.

Gazin e Dwyer, afirmam que ‘não faz parte dos planos de Keith’ voltar à empresa mas, caso seja necessário já têm um novo co-fundador: o Ted.

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