Mais otimista em relação à economia europeia e menos sobre a inflação, o Banco Central Europeu (BCE) vai decidir as alterações aos atuais instrumentos de política monetária na próxima reunião do Conselho de Governadores, a 26 de outubro. O presidente da instituição, Mario Draghi, reafirmou que o programa de compra de ativos continua a ser necessário para suportar a retoma da zona euro, esta quinta-feira, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião.
“Este outono, vamos decidir a calibração dos instrumentos além do final deste ano, tendo em consideração o caminho esperado da inflação e as condições financeiras necessárias para um retorno sustentado das taxas de inflação para valores abaixo, mas próximos de 2%”, disse Draghi.
O presidente deixou em aberto se as medidas de política monetária não convencionais vão continuar em 2018, mas manteve o discurso sobre o banco central estar preparado para prolongar o programa de compra de ativos. A um ritmo atual de 60 mil milhões de euros por mês, os estímulos estão marcados até ao final deste ano.
No entanto, o BCE já referiu que o fim do programa não vai abrupto, dando a entender que irá reduzir gradualmente a aquisição de ativos. Sobre o timing do anúncio dos detalhes, Draghi acrescentou que o Conselho de Governadores o vai fazer quando sentir que é momento certo “e em outubro devemos estar preparados”, mas se não estiverem, terá de ficar para dezembro, salientou.
Volatilidade do euro preocupa BCE
A pesar na decisão vai estar a evolução dos três parâmetros centrais na reunião: crescimento económico, inflação e euro. Apesar de Mario Draghi ter frisado que o mandato do BCE não se foca no valor da moeda única, mostrou preocupações sobre o assunto dada o impacto que tem na inflação e empresas exportadoras europeias.
“A expansão económica, que acelerou mais que o esperado na primeira metade de 2017, continua sólida e abrangente aos vários países e setores. Ao mesmo tempo, a recente volatilidade nas taxas de câmbio representam uma fonte de incerteza, que requer monitorização devido às possíveis implicações no outlook para a estabilidade dos preços a médio prazo”, disse Draghi.
A moeda única valorizou 13% face ao dólar este ano, levando o Conselho de Governadores a rever em baixa as expetativas em relação à inflação. Os dados provisórios indicam que a inflação na zona euro tenha acelerado para 1,5% em agosto, enquanto o BCE espera que a taxa fique em 1,5% este ano, 1,2% no próximo e 1,5% em 2019.
Economia europeia cada vez mais robusta
O BCE reviu também as estimativas para o crescimento económico, desta vez de forma mais otimista. O Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro, segundo a estimativa do BCE, deverá acelerar 2,2% em 2017, 1,8% no próximo ano e 1,7 no seguinte.
“Os riscos em torno das perspetivas de crescimento da zona euro continuam amplamente equilibrados. Por um lado, o atual impulso cíclico positivo aumenta as hipóteses de um crescimento económico mais forte do que o esperado. Por outro lado, os riscos negativos continuam a existir, principalmente relacionados a fatores globais e evolução nos mercados cambiais”, acrescentou Draghi.
No comunicado emitido antes da conferência de imprensa, o BCE já tinha anunciado que as taxas de juro na zona euro se mantêm inalteradas e em mínimos históricos. A taxa de juro diretora fica em em 0%, um nível em vigor desde março do ano passado, enquanto a taxa de juro aplicável à facilidade de depósito permanece nos -0,40% e a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez em 0,25%.
“O Conselho do BCE espera que as taxas de juro diretoras do BCE permaneçam nos níveis atuais durante um período alargado e muito para além do horizonte das compras líquidas de ativos”, referiu o banco, confirmando as expetativas dos analistas.
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