A liderança de Theresa May no Reino Unido está em causa. O mais recente congresso do Partido Conservador foi marcado pelas divisões acerca do processo do Brexit e por um discurso da primeira-ministra marcado por vários momentos insólitos. Em jogo está a capacidade de o país conseguir um acordo com a União Europeia (UE) quando faltam 18 meses para que se efetive o Brexit.
Face à situação atual, a Bloomberg traça quatro cenários para o futuro das negociações do Brexit, mas também para o futuro do Governo britânico.
Cenário 1: Theresa May mantém-se no poder
Sem que os seus adversários consigam poder suficiente para fazer cair a primeira-ministra, May permanece no cargo, com os legisladores a considerarem que uma batalha pela liderança no partido levaria a outra eleição que poderiam perder para os trabalhistas (que estão à frente nas sondagens). Mas o custo é uma primeira-ministra com a autoridade minada, tanto no Reino Unido (RU) como – e mais importante – em Bruxelas. Esta espécie de vazio de poder deixa os negociadores de ambos os lados sem saber se as promessas de May ainda estão em discussão e torna mais difícil concessões por parte da UE, pois não sabem por quanto tempo a líder britânica se manterá no Governo. Os mercados vêm esta como sendo a opção menos má.
Cenário 2: May é forçada a abandonar o cargo, obrigando a uma corrida pela liderança
Theresa May deixa a liderança do RU. Enquanto seria de esperar um candidato concensual de entre o partido, as divisões internas entre os Tories tornam esta uma possibilidade remota. A discussão sobre quem deverá suceder a May leva a um novo adiamento das conversações do Brexit. Na corrida à liderança, o mais provável vencedor será da ala pró-Brexit, o que extremará a posição do país nas negociações com a UE em temas como as compensações financeiras e o acesso ao mercado único. As concessões feitas por May são postas de lado e com elas a proposta de um período de adaptação de dois anos. Assim, o RU fica com menos de um ano para completar as negociações de saída e delinear um acordo comercial – a menos que a UE acorde uma extensão do prazo, algo pouco provável nesta altura. As empresas ativam os seus planos de contingência à medida que uma saída sem acordo se torna inevitável e a libra cai.
Cenário 3: May demite-se e Davis emerge como primeiro-ministro consensual
O Secretário do Brexit, David Davis pode emergir como o candidato consensual do partido, evitando uma corrida à liderança. Ao ser pró-Brexit, ganha pontos junto dos detratores da saída e oferece continuidade. Bruxelas tem a certeza de quem está no comando e os mercados reagem positivamente ao fim das incertezas.
Cenário 4: Corbyn ganha as eleições
Dada a situação atual, não é de descartar a possibilidade de eleições, que podem ser ganhas por Jeremy Corbyn, acreditando nas sondagens atuais. Este partido, apesar de apoiar os resultados do referendo de saída, tem uma forma mais contida de abordar o Brexit e tentará manter o acesso ao mercado único e uma aliança no que respeita ao fecho de fronteiras. Mas a sua opinião acerca da livre circulação de pessoas pode condicionar o resultado das negociações, que certamente serão atrasadas mais uns meses. A libra afunda-se com a expectativa de que Corbynleve adiante a sua agenda de nacionalizações e aumento de impostos.
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