[weglot_switcher]

Extrema-direita impede manifestação em Lisboa

O grupo Descolonizando pretendia depositar flores e velas junto à estátua do Padre António Vieira, no Largo Trindade Coelho, em Lisboa. O objetivo era recordar as vítimas da escravatura, mas um grupo de nacionalistas de extrema-direita cercou os manifestantes e impediu o protesto.
CML
6 Outubro 2017, 16h04

Seria uma manifestação pacífica a que os cerca de 15 membros do grupo Descolonizando pretendiam levar a cabo no Largo Trindade Coelho, junto a uma estátua do Padre António Vieira, no passado dia 5 de outubro, mas as suas intenções foram travadas por um grupo de extrema-direita. A notícia é adiantada pelo DN, que afirma que os membros deste grupo se sentiram ameaçados pelo grupo nacionalista, o que terá impedido a deposição de flores e velas em homenagem às vítimas da escravatura, perante a estátua de uma figura que consideram um “esclavagista seletivo”.

O jornal cita ainda uma manifestante, que não se terá querido identificar e que afirma que “não houve nenhum tipo de violência física, mas houve momentos de intimidação e em que nos sentimos coagidos. Houve um momento em que estávamos literalmente cercados”. Mamadou Ba, dirigente da associação SOS Racismo, diz que o grupo nacionalista Portugueses Primeiro “tinha a intenção de provocar um confronto”. O mesmo responsável deu conta de “falhas na análise por parte das autoridades”. “Fiquei muito surpreendido com a passividade da polícia, que não terá levado muito a sério a possibilidade de uma confrontação e sobretudo não levou a sério a própria convocatória que já se conhecia nas redes sociais sobre uma contramanifestação”, afirmou ao jornal.

No seu site oficial, o grupo Portugueses Primeiro, que se apresenta como uma associação de iniciativa cívica, escreveu que a verdadeira intenção dos manifestantes era “denegrir a Igreja Católica e incutir um sentimento de culpa nos portugueses” e que o protesto era “uma manifestação de puro ódio anti-português”, acrescentando ter cumprido o seu objetivo: “zelar pela gloriosa memória histórica” e impedir a realização de uma atividade “antinacional”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.