Ai, aguentámos, aguentámos! Que remédio! As opções não eram muitas: desistir ou resistir até que os ventos mudassem. Resistimos, mas que nos saiu do corpo, ai isso saiu!
As contas são claras: entre cortes, taxas, taxinhas e sobretaxas, os docentes contribuíram, ao longo dos últimos sete anos, com mais de 8 mil milhões de euros para a recuperação do país. Para quê? Terei percebido bem, recuperação do país? Se assim foi, que fique registado em tons dourados o sangue, o suor e as lágrimas com que tantos portugueses pintaram os anais da história recente de Portugal. Grande manifestação de patriotismo, ainda que não voluntária!
Porém, por detrás desta cortina diáfana, esconde-se uma verdade inconveniente: andaram a tirar aos pobres e aos remediados para dar aos ricos. Não é conversa, não; basta pedirmos ajuda ao nosso amigo sempre informado, o Google, e conversar com ele, encadear umas perguntas atrás das outras, que ele, grande sábio!, nos vai esclarecendo. Questionemo-lo sobre coisas de que já ouvimos falar tantas vezes na comunicação social, como, por exemplo, “resolução dos bancos”, que logo ele começará a debitar nomes (BPN, BANIF, BES, CGD) e números com uma fluidez tão natural que tudo nos parecerá normal ou, pior, banal.
Todavia a frieza do Google ganha novo significado quando paramos para pensar na enormidade dos valores gastos pelo Estado Português, isto é, por todos nós, com a nacionalização do BPN, depois vendido aos angolanos por 40 milhões; com a resolução do BANIF, vendido aos espanhóis por 150 milhões de euros; com o cambalacho do BES transformado num Novo Banco que não deixou de ser velho, dado aos norte-americanos por 750 milhões. Enfim, no final de 2015 já tínhamos oferecido à banca mais de 14 mil milhões para continuar a extorquir-nos o nosso dinheiro em vez de o rentabilizar e as contas finais ainda estão por apurar. Sim, extorquir-nos a nós que vivemos do nosso trabalho. Ainda se tivessem alguma vergonha e dessem descanso ao ímpeto voraz de que se alimentam, vá que não vá! Mas não é que a sua avidez não tem fim? Veja-se o que está a acontecer com as taxas mensais que passaram a cobrar, mesmo em contas que antes estavam isentas! Até a CGD, que ainda há bem pouco precisou de mais uma transfusão de sangue novo. É sempre a sugar!
Isto assim não dá. “É a Hora!”, como dizia Pessoa, e o passado dia 27 já foi um sinal de que o povo exaurido, com especial destaque para os docentes, não vai aguentar mais. Na verdade, os professores e os educadores disseram claramente que, depois de 8 mil milhões de euros de contributo, é a altura de voltarem a usufruir dos seus direitos plenos. Por isso, não haja dúvidas, a luta poderá ser dura, mas a mudança da direção do vento não pode mais ser ignorada!
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