Após o falhanço das negociações entre a CDU da Chanceler Angela Merkel e o Partido Liberal, a Alemanha poderá vir a ter eleições antecipadas nos próximos meses, fragilizando a posição do país como “alicerce de estabilidade” da Europa.
O aviso é feito no último briefing da Coface, que chamando a atenção para o facto de que não só o governo de coligação da legislatura anterior entre a CDU e o SPD de Martin Schulz ainda estar em funções, mas também de que essa mesma coligação poderá ser renovada para os próximos quatro anos, nota que Schulz declarou após as eleições de setembro passado que o seu partido iria “liderar a oposição” para que tal posição não ficasse entregue aos radicais da AfD, inviabilizando à partida essa solução. Além de que, segundo o mesmo briefing, uma sondagem recente indicava que 62% dos alemães consideravam “negativa uma tal “Grande Coligação”.
Outra hipótese, classificada como “altamente improvável” pela Coface, é a de um governo minoritário liderado pela CDU (juntamente com o seu partido-irmão da Baviera, a CSU), eventualmente com Os Verdes como parceiro. Caso nenhuma destas possibilidades venha a ser viável, a marcação de novas eleições será mesmo inevitável.
Para a Coface, novas eleições corriam o risco de não resolver o problema: as sondagens indicarão que é improvável que a distribuição de lugares no Bundestag (o Parlamento alemão) tivesse alterações significativas em relação à que resultou das eleições de Setembro, o que significaria que o impasse negocial de hoje não seria ultrapassado mais facilmente, a não ser que (“como em Espanha”, nota a Coface) o SPD opte então por viabilizar um governo minoritário da CDU/CSU.
Num tom mais optimista, embora admita um “longo período de incerteza e instabilidade”, a Coface as “implicações económicas” e um tal cenário seriam “contidas”, já que “a economia alemã está a crescer a um ritmo dinâmico”, e as empresas alemãs estão “acostumadas” às “circunstâncias” em que teriam que operar.
O maior risco, no entanto, seria porventura o mais difícil de ultrapassar: o enfraquecimento da “posição da chanceler Merkel e da Alemanha na política europeia”, que poderá pôr em causa eventuais reformas da zona Euro, embora, “por outro lado”, possam “ajudar à construção de consensos em torno de programas para países em crise como a Grécia”, com “maior ênfase em “ajuda e perdão da dívida”.
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