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DBRS diz que bancos europeus reportaram um alto custo de risco em 2020, mas pouco impacto na qualidade dos ativos

O estudo da DBRS inclui dois bancos portugueses, a CGD e o BCP, que não comparam mal em termos de custo do risco com os outros 37 bancos europeus. Mas a agência de ‘rating’ salienta que apesar do progresso contínuo na redução do rácio de crédito non-performing, os bancos da Irlanda, Portugal, Itália e Espanha continuam a ter os maiores rácios de NPL, em média ponderada, sobre o total da carteira.
30 Março 2021, 15h37

Os bancos europeus duplicaram as provisões para perdas com empréstimos em 2020 em comparação com o ano anterior, em grande parte devido à incorporação do impacto do lockdown da economia nos seus modelos de crédito no primeiro semestre.

Esta é uma das conclusões do relatório “Bancos europeus relatam alto custo de risco no ano fiscal de 2020, mas pouco impacto na qualidade dos ativos até o momento”, elaborado pela DBRS. A amostra desta análise inclui 39 bancos, dos quais dois portugueses, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o BCP.

A maioria dos bancos subsequentemente reportou níveis significativamente mais baixos de provisões no terceiro e quarto trimestre, diz a agência de notação financeira canadiana.

“As várias medidas implementadas por governos e reguladores para mitigar o efeito da perturbação económica causada pela pandemia, continuam, em nossa opinião, a prevenir um rápido aumento de crédito em incumprimento (NPLs) e estão a atrasar uma nova onda de problemas na qualidade de ativos nos bancos europeus. No final de 2020, os NPLs [malparado] agregados da nossa amostra de bancos europeus permaneceram amplamente estáveis ​​em comparação com o ano anterior, com mais de metade dos bancos a atingir uma redução do rácio de NPLs durante o ano”, lê-se na nota da DBRS.

Alguns países estão a prolongar os seus períodos de encerramento da economia nos primeiros meses de 2021, pelo que “esperamos que os bancos europeus continuem a reportar elevados rácios de Custo do Risco em 2021, mas isso dependerá do ritmo da deterioração económica e do aumento do incumprimento de crédito por parte de clientes, especialmente se as medidas de suporte pararem”, diz a DBRS.

O custo do risco são as novas imparidades do exercício, deduzidas de recuperações de crédito, sobre o stock do crédito.

Este comentário da DBRS concentra-se no custo do risco (CoR) e nos rácios de NPLs relatados por uma amostra de 39 bancos na Europa em 2020, incluindo bancos em França, Alemanha, Itália, Holanda, Espanha, Suécia, Noruega, Portugal, Dinamarca, Finlândia, Irlanda e o Reino Unido.

O Custo do Risco médio para a amostra de bancos foi de 82 pontos base (0,82%) em 2020, significativamente superior aos 35 pontos base relatados em 2019.

Os bancos na Irlanda e no Reino Unido tiveram o custo do risco médio mais alto da amostra e os bancos nos países nórdicos o mais baixo.

Os bancos da Irlanda e UK, também tiveram a transferência mais significativa de empréstimos do Stage 1 para o Stage 2 (crédito em risco). “No entanto, também observamos que esses bancos têm, em geral, níveis de cobertura de malparado mais baixos do que os bancos de outros países, o que pode ter influenciado sua decisão de constituir provisões adicionais”, diz a DBRS.

“Digno de nota é que os bancos irlandeses apresentaram níveis de CoR muito elevados, embora a Irlanda tenha sido o único país da nossa amostra a registar um crescimento do PIB em 2020”, salienta a agência de rating.

A CGD surge em 20º lugar no ranking de 39 bancos em termos de custo do risco, com 45 pontos base, já o BCP está em 31º lugar com um custo do risco de 20 pontos base.

O custo do risco do Allied Irish banks em 2020 é de 254 pontos base.

As provisões para crédito nos bancos europeus da amostra atingiram o pico no primeiro semestre de 2020. Em média, cerca de 66% do total das provisões foram efetuadas nesse semestre e cerca de 30 bancos, do total de 39 bancos incluídos na amostra, efetuaram provisões nessa altura.

De referir que, em média, os bancos em Portugal constituíram mais provisões para perdas com crédito no segundo semestre do ano do que no primeiro semestre e embora os países tenham entrado novamente em semibloqueios económicos no quarto trimestre, isso não se traduziu em maiores provisões relacionadas com as mudanças dos modelos macroeconómicos.

No geral, no final de 2020, o crédito classificado em NPLs agregado para a amostra de bancos caiu cerca de 5%.

A DBRS salienta que apesar do progresso contínuo na redução do rácio de crédito non-performing (NPL), os bancos da Irlanda, Portugal, Itália e Espanha continuam a ter os maiores rácios de NPL sobre o total da carteira em média ponderada na amostra do estudo.

Portugal surge em 2020 com um rácio de NPL médio de 5,4%.

A análise tem a assinatura de Maria Rivas, Senior Vice President da DBRS Morningstar Financial Institutions.

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