Perante as incertezas que acompanharam todo o período de campanha eleitoral e que foram transferidas para o dia das eleições, os alemães tiveram que se habituar a fazer contas políticas – uma necessidade que, dizem, os apoquenta. Num parlamento com 730 lugares, o número mágico é 366, mais um do que a metade dos lugares e a partir do qual uma coligação passa a contar com maioria absoluta.
Se há alguma certeza nas eleições germânicas deste domingo, é que ninguém terá maioria absoluta – o que não é propriamente uma novidade – longe disso. Partindo das projeções da televisão ZDF – que ainda carece de certeza real – o social-democrata SPD fica à frente, com 211 lugares, a CDU em segundo, com 200, e os Verdes conseguirão 121 lugares, seguidos pelos liberais do FDP (96), a extrema-direita da AfD (85) e a extrema-esquerda do Die Linke (41), pelo que a geometria variável das coligações abre as mais diversas portas.
A primeira delas seria uma repetição da coligação que esteve até este domingo no poder: CDU, SPD e FDP somariam 507 lugares. Esta geometria só seria vencida, em termos de representação, com a substituição dos liberais pelos Verdes: seriam 532 lugares parlamentares. Os dois maiores partidos juntos conseguiram agregar 411 lugares.
Mas há outras possibilidades. Assim, o SPD, os Verdes e o FDP somariam 428. Se for a CDU a ganhar e se juntar aos Verdes e as liberais, conseguirá 417 lugares. Mas há também a possibilidade de uma coligação apenas à esquerda: SPD, Verdes e Die Linke somam 373 lugares.
Nenhum cenário leva em consideração a extrema-direita da AfD – mas é necessário colocar a hipótese: e se o cordão sanitário estabelecido em sua volta (necessariamente por parte da CDU) se romper? Algumas contas teriam de ser refeitas – e Angela Merkel iria para casa profundamente deprimida.
Nos próximos dias, estas contas serão repetidamente revisitadas. Mas, antes disso, é preciso que os alemães saibam a qual dos partidos, SPD ou CDU, cabe a função de abrir as ‘hostilidades’ e convidar os outros para se sentarem à mesa.
Para já, e no meio da confusão germânica, tanto o candidato do SPD Olaf Scholz como da CDU, Armin Laschet, têm assegurado, segundo a imprensa alemã, acreditarem que serão chamados à condição de chanceler. “Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para formar um governo federal sob a liderança da União”, disse Laschet, depois de Scholz ter afirmado que “é claro que estou feliz com o resultado das eleições, é um grande sucesso Muitos eleitores deixaram claro que desejam uma mudança de governo”. Um deles acabará a noite bastante maldisposto.
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