Desde que os talibãs tomaram a capital do Afeganistão, Cabul, a meio de agosto, que os confrontos entre os grupos sunitas (de que os talibãs fazem parte) e os seus ‘irmãos’ xiitas tem marcado os dias de violência por que o país passa. Esta sexta-feira, pelo menos 32 pessoas foram mortas e outras 45 ficaram feridas após uma explosão dentro de uma mesquita xiita na cidade de Kandahar, no sul do Afeganistão. A explosão ocorreu na mesquita Bibi Fatima, a maior mesquita para fiéis xiitas na cidade.
O porta-voz do Ministério do Interior, Qari Sayed Khosti, disse no Twitter que “estamos tristes ao saber que uma explosão ocorreu numa mesquita da irmandade xiita no primeiro distrito da cidade de Kandahar, na qual vários de nossos compatriotas foram martirizados e feridos”.
Forças especiais talibãs chegaram à área “para determinar a natureza do incidente e levar os seus autores à justiça”, acrescentou o porta-voz.
Uma testemunha ocular disse à agência AFP que ouviu três explosões, uma na porta principal da mesquita, outra na área sul e uma terceira onde os fiéis faziam as suas ablações.
O incidente ocorre uma semana depois de dezenas de pessoas terem sido mortas e mais de 100 feridas quando uma mesquita na província de Kunduz foi alvo de um bombardeamento do ISIL (Estado Islâmico), grupo igualmente sunita.
O afegão governo liderado pelos talibãs prometeu na altura uma resposta rápida, mas não tão rápida que tivesse impedido o ataque desta sexta-feira.
Os analistas disseram desde agosto que um dos principais problemas que o Afeganistão enfrentaria seria precisamente o da tensão entre sunitas e xiitas – duas de dezenas de derivações, algumas consideradas heréticas, no interior do intricado edifício do Islão. Os talibãs são considerados sunitas moderados, mas o Estado Islâmico é radical e considera os xiitas traidores dos verdadeiros princípios do Islão e sempre interessados em permitir a entrada da influência ocidental no mundo. Nada indica, antes pelo contrário, que os ataques dos sunitas radicais aos xiitas venha a diminuir no interior do Afeganistão.
Esta guerra interna pode ter outras repercussões, mesmo do ponto de vista internacional. O Irão, o mais importante país xiita, pode optar por envolver-se numa guerra aberta com o Afeganistão, se se confirmar que o desentendimento entre as duas partes vai manter-se.
Entretanto, segundo relata a cadeia Al Jazeera, o Catar, em coordenação com a FIFA, retirou quase 100 jogadores e as suas famílias do Afeganistão. O grupo voou de Cabul para Doha, capital do Qatar, num voo que transportou 357 passageiros esta quinta-feira, entre eles muitas mulheres atletas envolvidas com futebol no Afeganistão.
A FIFA confirmou que desempenhou um papel importante na evacuação dos atletas e das suas famílias “após negociações complexas” e “com o apoio do Catar”. O órgão dirigente do futebol mundial disse que os jogadores de futebol foram “considerados de maior risco”.
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