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AIE: Emissões de carbono deverão atingir em 2021 segundo nível mais alto da história

A subida deve ficar apenas atrás da recuperação massiva de há 10 anos, após a crise financeira, deitando abaixo as expectativas de combate às alterações climáticas, a menos que os governos ajam rapidamente, alertou a Agência Internacional de Energia (AIE).
20 Abril 2021, 11h23

Os especialistas da Agência Internacional de Energia (AIE) estimam que as emissões de dióxido de carbono atinjam novos máximos em 2021, fazendo deste o segundo maior aumento anual registado. O primeiro registou-se há cerca de uma década, altura em que grande parte do mundo recuperava da crise económica. Em 2010, esse aumento foi de 6%.

O uso crescente do carvão, o combustível fóssil mais sujo, para eletricidade é o principal motivo para o aumento das emissões, especialmente na Ásia e nos Estados Unidos. Esta recuperação do carvão causa particular preocupação uma vez que acontece  numa altura em que a energia renovável é mais barata do que o carvão. Ao “The Guardian”, Fatih Birol, diretor executiva da AIE considera ser “chocante” e “muito perturbador”.

“Por um lado, os governos dizem hoje que as alterações climáticas são uma prioridade. Mas, por outro lado, estamos a assistir ao segundo maior aumento de emissões da história”, avaliou. “É realmente decepcionante”.

As emissões têm de ser reduzidas em 45% nesta década, se o mundo quiser limitar o aquecimento global a 1,5 graus, tal como estabelecido no acordo de Paris, alertaram os cientistas. Isso significa nos próximos 10 anos os governos devem priorizar a transição energética antes que os níveis de emissões de carbono cheguem a valores demasiado elevados. Porém, segundo a avaliação de Birol, olhando para a atual situação, potenciada pela pandemia da Covid-19, e o rumo que se está a seguir “o nosso ponto de partida não é animador”.

Em 2020, altura em que o mundo entrou em confinamento, as emissões recuaram para um recorde de 7%, porém, no final do ano, já alguns países mostravam sinais de estar a contrariar essa tendência.

https://jornaleconomico.pt/noticias/emissoes-de-carbono-deverao-ultrapassar-niveis-pre-confinamento-nos-proximos-meses-alerta-aie-707653

A projeções para 2021 da AIE indicam que até ao final do ano, as emissões destes gases poderão chegar aos níveis de 2019, e que em 2022 poderão atingir níveis recorde uma vez que o sector aéreo começará a recuperar dos impactos da crise pandémica. Só este sector contribui em 2% para as emissões globais de carbono.

Face à atual situação, Faith Birol apelou que os governos cumprissem as suas obrigações ambientais e apresentassem novas políticas climáticas com urgência no sentido de se encontrarem soluções ecológicas para a recuperação da Covid-19.

“No ano passado, expressei a minha esperança para que a recuperação económica da Covid-19 fosse verde e sustentável. Mas esses números indicam que essa recuperação hoje é tudo menos sustentável para o nosso clima ”, frisou.

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