Os especialistas da Agência Internacional de Energia (AIE) estimam que as emissões de dióxido de carbono atinjam novos máximos em 2021, fazendo deste o segundo maior aumento anual registado. O primeiro registou-se há cerca de uma década, altura em que grande parte do mundo recuperava da crise económica. Em 2010, esse aumento foi de 6%.
O uso crescente do carvão, o combustível fóssil mais sujo, para eletricidade é o principal motivo para o aumento das emissões, especialmente na Ásia e nos Estados Unidos. Esta recuperação do carvão causa particular preocupação uma vez que acontece numa altura em que a energia renovável é mais barata do que o carvão. Ao “The Guardian”, Fatih Birol, diretor executiva da AIE considera ser “chocante” e “muito perturbador”.
“Por um lado, os governos dizem hoje que as alterações climáticas são uma prioridade. Mas, por outro lado, estamos a assistir ao segundo maior aumento de emissões da história”, avaliou. “É realmente decepcionante”.
As emissões têm de ser reduzidas em 45% nesta década, se o mundo quiser limitar o aquecimento global a 1,5 graus, tal como estabelecido no acordo de Paris, alertaram os cientistas. Isso significa nos próximos 10 anos os governos devem priorizar a transição energética antes que os níveis de emissões de carbono cheguem a valores demasiado elevados. Porém, segundo a avaliação de Birol, olhando para a atual situação, potenciada pela pandemia da Covid-19, e o rumo que se está a seguir “o nosso ponto de partida não é animador”.
Em 2020, altura em que o mundo entrou em confinamento, as emissões recuaram para um recorde de 7%, porém, no final do ano, já alguns países mostravam sinais de estar a contrariar essa tendência.
https://jornaleconomico.pt/noticias/emissoes-de-carbono-deverao-ultrapassar-niveis-pre-confinamento-nos-proximos-meses-alerta-aie-707653
A projeções para 2021 da AIE indicam que até ao final do ano, as emissões destes gases poderão chegar aos níveis de 2019, e que em 2022 poderão atingir níveis recorde uma vez que o sector aéreo começará a recuperar dos impactos da crise pandémica. Só este sector contribui em 2% para as emissões globais de carbono.
Face à atual situação, Faith Birol apelou que os governos cumprissem as suas obrigações ambientais e apresentassem novas políticas climáticas com urgência no sentido de se encontrarem soluções ecológicas para a recuperação da Covid-19.
“No ano passado, expressei a minha esperança para que a recuperação económica da Covid-19 fosse verde e sustentável. Mas esses números indicam que essa recuperação hoje é tudo menos sustentável para o nosso clima ”, frisou.
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