Reserva Federal anuncia redução gradual do programa de compra de ativos

A Reserva Federal anunciou esta quarta-feira o início da diminuição gradual dos montantes envolvidos no programa de compra de ativos de emergência, materializando assim uma medida que os mercados vinham antecipando há já alguns meses.

Após a reunião de política monetária realizada esta quarta-feira, a Fed anunciou o que era já esperado há vários meses pelos mercados e analistas e que se tornou mais evidente após o discurso de Jerome Powell, presidente do organismo, em setembro. Arranca assim o tapering, depois do apoio dado à economia durante um dos períodos mais penalizadores para as contas norte-americanas desde que há registo.

“Dado o progresso substancial da economia desde dezembro em direção ao objetivo do Comité [da Reserva Federal], este decidiu começar a reduzir o montante mensal das suas compras líquidas em dez mil milhões de dólares (8,62 mil milhões de euros) de títulos do Tesouro e em cinco mil milhões de dólares (4,31 mil milhões de euros) em títulos garantidos por hipotecas”, lê-se no comunicado da Fed.

Esta mudança de estratégia efetiva-se já em novembro, sendo que o montante deverá voltar a reduzir-se pelo mesmo valor em dezembro, ou seja, no início de 2022. Ainda assim, a Fed garante estar “preparada para ajustar o ritmo de compras se for obrigado a isso pela evolução da economia”.

A visão de que a inflação era causada por efeitos “largamente transitórios” tem-se provado mais difícil de sustentar, dada a persistência do crescimento de preços nos EUA, forçando a Reserva Federal a avançar para o fim deste programa mais cedo do que originalmente previsto, ou seja, em 2022.

O foco dos mercados coloca-se agora na subida das taxas diretoras, o passo que se deverá seguir na política monetária da maior economia do mundo. Powell havia avisado em setembro que, apesar de o tapering estar à porta, isso não significaria uma subida das taxas de juro no imediato, prometendo caução nessa decisão. Segundo a perspetiva dos analistas, este movimento deve ocorrer em 2023, como tem vindo a ser previsto pela Fed, mas o risco de uma inflação persistente mantém-se, segundo o levantamento da Reuters.

[notícia atualizada às 18h09]