As presidenciais italianas, que terão lugar no próximo dia 24 de janeiro, estão praticamente reféns daquilo que o antigo banqueiro europeu Mario Draghi quer fazer da sua carreira política num horizonte de curto prazo. Primeiro-ministro largamente consensual desde fevereiro de 2021, Draghi pode manter o lugar ou deixar de resistir à tentação de substituir o atual presidente, Sergio Mattarella, que se diz indisponível para se candidatar a um segundo mandato – apesar de, não sendo prática corrente, o poder fazer.
Enquanto Draghi não decidir, o país não terá uma visão clara do seu futuro imediato. De qualquer modo, a sua transferência do lugar de primeiro-ministro para o de presidente não é, na prática, uma tarefa tão simples como se poderia imaginar – principalmente se a eleição fosse direta. Ora, não é: o presidente será votado pelos 321 senadores, 630 deputados e 58 representantes regionais que o presidente da câmara dos deputados, Roberto Fico, convocará para o efeito. São 1.009 votos no total. E aí começam os problemas de Draghi. Os dois partidos que sustentam o seu governo, o Movimento 5 Estrelas (M5S) e o Partido Democrata (PS), entre outras formações mais pequenas, teriam de se entender sobre um eventual apoio ao primeiro-ministro. No limite, Draghi contaria com 173 votos no senado, em 321, e com 347 em 630, na câmara dos deputados; seriam 51,5% dos 1.009 votantes, sem precisar das incertezas dos representantes regionais – mas, para já, ainda não é certo que os grupos políticos em apreço se entendam para, todos, apoiarem Draghi.
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