O paciente, David Bennett, encontra-se bem e a recuperar, de acordo com os médicos da Universidade de Maryland, depois da operação experimental de sete horas a que se submeteu há três dias em Baltimore.
Este foi o primeiro transplante bem sucedido de coração suíno num humano adulto. O paciente tinha uma doença cardíaca terminal e a operação era a única opção de sobrevivência após ser considerado inelegível para um transplante tradicional.
Bennet está a ser “cuidadosamente monitorizado nos próximos dias e semanas para determinar se o transplante oferece benefícios que salvam vidas”, esclarece a Universidade.
“Era morrer ou fazer esse transplante. Eu quero viver. Eu sei que é um tiro no escuro, mas é minha última escolha”, disse o paciente no dia anterior à cirurgia, depois de estar hospitalizado e acamado nos últimos meses.
“Estou ansioso para sair da cama depois de recuperar”, frisou.
Depois da operação, o seu filho, David Bennett Jr, disse à Associated Press que a família estava “no desconhecido” naquele momento, tendo acrescentado que o pai “percebe a magnitude do que foi feito e realmente percebe a importância disso”.
Bartley Griffith, o médico que transplantou o coração, disse que “esta foi uma cirurgia inovadora que nos deixa um passo mais perto de resolver a crise de escassez de órgãos. Simplesmente não há corações humanos de doadores suficientes disponíveis para atender a longa lista de potenciais recetores”.
Só nos Estados Unidos há, atualmente, cerca de 110 mil pessoas à espera de um transplante de órgão e mais de 6 mil morrem todos os anos antes de receber um, de acordo com dados do governo americano.
Considerado um dos maiores especialistas do mundo em transplante de órgãos de animais (xenotransplantação), Muhammad Mohiuddin, da Universidade de Maryland, designou este procedimento de “revolucionário”, explicando que “se os enxertos se tornarem prontamente disponíveis e puderem ser colocados nesses pacientes, todos poderão receber um coração ou qualquer outro órgão destes porcos modificados e poderemos salvar as suas vidas”.
A xenotransplantação acarreta “um conjunto único de riscos, incluindo a possibilidade de desencadear uma resposta imune perigosa que pode desencadear uma rejeição imediata do órgão com um resultado potencialmente mortal para o paciente”, informou o centro hospitalar.
A Universidade de Maryland salvaguardou que “antes de consentir em receber o transplante, o paciente foi totalmente informado sobre os riscos do procedimento, que era experimental com riscos e benefícios desconhecidos. Ele tinha sido internado no hospital mais de seis semanas antes com arritmia e risco de vida. Foi ligado a uma máquina de bypass coração-pulmão, chamada de oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO), para permanecer vivo”.
“Além de não se qualificar para estar na lista de transplantes, ele também foi considerado inelegível para uma bomba cardíaca artificial devido à sua arritmia”, acrescentou.
A Food and Drug Administration (FDA) concedeu autorização de emergência para a cirurgia na véspera de ano novo através da sua provisão de uso compassivo, colocada em ação quando um produto médico experimental, neste caso o coração de porco geneticamente modificado, é a única opção disponível para um paciente que enfrenta uma condição médica grave ou que apresente risco de vida.
Em outubro de 2021, cirurgiões em Nova York anunciaram um transplante bem sucedido de um rim de porco numa pessoa que estava, contudo, em morte cerebral e sem esperança de recuperação. Na altura, a operação era o procedimento mais avançado no campo até agora.
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