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Temos maioria absoluta e agora?

As reações a este resultado variaram da (compreensível) euforia do Partido Socialista, que depois de “digerir” uma “geringonça” e de um orçamento chumbado em 2021 vai poder governar sozinho e a seu bel-prazer (ainda por cima quando vem aí uma bazuca europeia para distribuir) e a completa depressão da direita clássica da política Portuguesa (PSD e CDS).
8 Fevereiro 2022, 07h15

Portugal amanheceu no dia 31 de Janeiro de 2022 com um resultado eleitoral nas Legislativas de 2022 que permite ao Partido Socialista formar Governo com maioria absoluta na Assembleia da República, naquele que foi um resultado contra todas as expectativas e contra todas as sondagens (não sabemos se por incompetência, se por estratégia das empresas e entidades que as fazem…).

As reações a este resultado variaram da (compreensível) euforia do Partido Socialista, que depois de “digerir” uma “geringonça” e de um orçamento chumbado em 2021 vai poder governar sozinho e a seu bel-prazer (ainda por cima quando vem aí uma bazuca europeia para distribuir) e a completa depressão da direita clássica da política Portuguesa (PSD e CDS).

Chegados a este ponto, de facto, cumpre perguntar, temos maioria absoluta e agora?

Em primeiro lugar, é importante referir que, em minha opinião, esta maioria absoluta é uma oportunidade única na história do nosso País, e tendo em conta a evolução da política portuguesa e a tendência da política europeia, esta bem poderá ser uma das últimas oportunidades que qualquer Governo terá de implementar as reformas estruturais tão ambicionadas por todos e criar uma base sólida e sustentável para o desenvolvimento e prosperidade das novas gerações.

Pois bem, há de facto uma escolha muito clara a fazer, ou se assume uma postura estadista, assumindo um caminho (talvez) mais difícil, mas também mais importante e teremos um Governo determinado em fazer o que tem de ser feito, como implementar: a Reforma do Estado (há muito “empurrada com a barriga” por todos), a Reforma do Sistema Fiscal (de modo a criar uma base mais justa, equitativa, e mais baixa do nível dos impostos), um pacto de regime que garanta a estabilidade do Centro Internacional de Negócios da Madeira (importantíssimo e determinante para a economia desta região ultra-periférica), acabar com o fenómeno das baixas médicas fraudulentas, que custam muitos milhões de euros por ano aos cofres do Estado e que nos oneram, a todos sem exceção, com impostos mais altos, menos poder de compra e, por sua vez, originam uma economia mais pequenina e, consequentemente, um país cada vez mais na cauda da Europa, assim como, conseguir trazer muitos dos cerca de 300.000 desempregados em Portugal de volta ao mercado de trabalho.

Ou pelo contrário, este Governo poderá assumir o caminho mais fácil e assumir um passeio triunfalista de António Costa sobre a classe política portuguesa, governar os próximos quatro anos sem ter de falar e negociar com ninguém, alegremente distribuindo a “bazuca” europeia que há de vir, repartindo fortunas e granjeando favores pelo caminho, numa lógica de “quem vier a seguir que feche a porta”.

Em primeiro lugar, e goste-se ou não do seu estilo e tendo, ou não, afinidade com a sua cor política (eu por exemplo assumidamente não tenho), é preciso dar os Parabéns a António Costa, esta maioria absoluta é sua e resulta da sua sagacidade e “instinto assassino” político. Desde Sócrates, passando por António José Seguro, pela “geringonça” e pelo PCP, ele efetivamente sobreviveu a tudo e todos, e triunfou neste jogo de sobrevivência, estratégia e troca de apoios que se tornou a política moderna.

Mas em segundo lugar, como português, queria pedir a António Costa que não desbarate a oportunidade única que tem hoje nas suas mãos e pedir-lhe que, agora com o poder político absoluto nas mãos, faça o que tem de ser feito por Portugal, que deixe um país melhor do que aquele que encontrou e que crie condições para que os nossos filhos e os nossos netos possam viver num país próspero e com oportunidades, e não de mão estendida a pagar as dívidas que as gerações anteriores criaram ou enfrentar a emigração forçada. A bem de Portugal e de todos nós…

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