O Partido Comunista Português (PCP) criticou esta sexta-feira a “opção criminosa” da Galp de encerrar na refinaria de Matosinhos. Os comunistas contestam o apoio “incondicional” aos donos da Galp e acusam os acionistas da petrolífera nacional de ter como “única preocupação” o aumento de lucros e a distribuição de “chorudos” dividendos, “mesmo que à custa do interesse nacional”.
“Desde o anúncio do encerramento da refinaria [de Matosinhos], em dezembro passado, a intervenção e luta dos trabalhadores deixou ainda mais claro que se está perante um crime contra os interesses nacionais, de destruição do aparelho produtivo e de emprego qualificado, e de aumento da dependência externa do país”, defende o PCP, em comunicado, no dia em que a refinaria de Matosinhos deverá parar totalmente.
Em causa está o anúncio feito pela Galp, na segunda-feira, de que deverá parar totalmente no final de abril, ou seja, até esta sexta-feira. A seguir ao encerramento seguir-se-ão as operações de desmantelamento, mantendo-se as previsões iniciais de uma poupança anual de 90 milhões de euros com o encerramento.
Os comunistas apontam o dedo aos principais acionistas da Galp, “cuja única preocupação é o aumento de lucros e a distribuição de chorudos dividendos, mesmo que à custa do interesse nacional”, e o Governo do PS, que “apoiou incondicionalmente os desejos dos donos da Galp”, considerando que são os “responsáveis” pela “inaceitável decisão” de encerrar a refinaria de Matosinhos.
O PCP critica ainda o Governo por se ter lançado na “defesa ideológica do encerramento sem qualquer hesitação” e ter prometido apoios públicos e o acesso da Galp aos fundos comunitários para encerrar a refinaria, em conjunto com o PSD e o CDS-PP numa lógica de privatização e liberalização do sector energético.
“O Governo, a Galp, a UE têm alimentado a ilusão de que esta decisão serve objetivos ambientais. Não serve”, sustenta. “O facto de o país passar a importar o que hoje produz não altera em nada a produção global de gases com efeito de estufa. Aumenta isso sim a produção desses gases pelo acréscimo da necessidade de transporte de um vasto conjunto de mercadorias. A necessária proteção do ambiente não passa por aqui”.
Além disso, o PCP considera que a situação é “indissociável” das políticas da União Europeia, que ” têm arrasado parte da capacidade produtiva e industrial do país, pagando para tal como é o caso”.
“Amanhã, quando o país tiver que importar o alcatrão necessário para as suas estradas (…) ou quando um problema em Sines colocar o país dependente de Espanha para o fornecimento de jetfuel, gasolina e gasóleo, nessa altura será todo o país a pagar o preço desta opção criminosa. Uma opção que, a não ser travada, levará à concretização de novas medidas de destruição da capacidade produtiva nacional, não sendo de excluir uma nova investida, desta vez sobre a última refinaria que restará ao país, a de Sines”, alerta.
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