Com a pandemia, “mais ou menos” sob controlo, e na sequência das evidências de uma das maiores crises financeiras que já vivemos, ficamos a pensar se tudo foi feito para apoiar as famílias e a recuperação da nossa economia, em especial o comércio e os setores do turismo e da restauração, no sentido de travar o mais que evidente tsunami social.

Passados quase dois anos do início da emergência nacional e obrigatoriedade de confinamento, apesar da atual bonança, o presente balanço das consequências é trágico e, na verdade, o que se esperava da pronta ação de quem nos governa, revelou-se bem menor do que o desejado.

É que depois dos picos devastadores da pandemia, veio uma crise política que durou cerca de meio ano e que resultou numa maioria socialista. Seguida, agora, pelos estilhaços de uma guerra provocada pela Rússia, sendo que, poucos dias volvidos, já se tornou evidente a escalada dos preços da energia, da eletricidade, dos bens alimentares e cereais em Portugal e na Europa. Mas, a prazo, poderemos ficar com o acesso condicionado ao gás natural e ao petróleo, uma realidade que não devemos desvalorizar.

Numa guerra histórica e ideológica sem sentido, absolutamente censurável e condenável decidida por um ditador, Vladimir Putin, que apesar das prontas sanções europeias e americanas e da heroica resistência ucraniana, persiste num crime de guerra e na chacina de civis e inocentes que urge travar.

O mundo ainda está a recuperar de uma pandemia de saúde pública e já enfrenta uma nova batalha, desta feita pelos direitos humanos e pela liberdade, com consequências suficientemente preocupantes para todos, numa fase em que o mundo e Portugal projetavam o pós-crise e a efetiva recuperação da economia, para evitar que a pandemia comprometesse o nosso futuro coletivo também no plano social.

Tudo seria mais fácil se sentíssemos que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) já estava a corrigir todos estes impactos negativos, sociais e económicos, mas tardam e não chegam de forma suficiente  – injustificadamente – pois muitas das ações não saíram ainda do papel e comprometem a sobrevivência profissional de muitas centenas de milhares de portugueses, que enfrentam sérias dificuldades. Outros dos fundos apenas financiam o Estado, que está sem Orçamento desde 2021, como o facto de ser o PRR que paga a despesa corrente do SNS, entre tantos outros exemplos.

Apesar de não termos ainda um novo Governo, a verdade é que todos sabemos que o primeiro-ministro será o mesmo, António Costa (que está para já em gestão) e agora, em cenário adicional de guerra na Europa, tem de ser o primeiro a evitar mais contágios. Não podemos e não merecemos correr mais riscos e urge criar condições para contornar mais um tsunami, depois do outro ter tido efeitos nefastos nas pessoas. As mesmas que pagam impostos e descontam para a segurança social e que não se podem sentir-se tão desprotegidas.

O Estado não pode falhar aos cidadãos. É, pois, tempo de começar a trabalhar para proteger os portugueses.

Uma palavra final, muito sentida, de forte solidariedade para com o povo ucraniano pelo vil ataque que tem sofrido, e a esperança e o desejo que a paz sejam rapidamente alcançados pela via do diálogo civilizado. O resto do mundo anseia e agradece.