[weglot_switcher]

Rússia: abandono das empresas estrangeiras implicará perda total dos ativos

A Rússia avançou com um pacote de medidas com as quais pretende defender a economia da crise que se instalará com as sanções. E quer principalmente reter os ativos industriais instalados no seu território.
Reuters
8 Março 2022, 18h20

O governo russo tem tomado medidas urgentes de apoio à economia e às empresas, antecipando uma vaga recessiva que o financiamento da guerra e as sanções impostas pelo ocidente necessariamente acarretarão.

O presidente russo, Vladimir Putin, assinou ordens executivas sobre medidas económicas especiais e poucos dias depois a Duma (parlamento) adotou um primeiro pacote de emendas para “garantir a sustentabilidade dos negócios” – em coordenação com uma espécie de gabinete de crise chefiado pelo primeiro-ministro Mikhail Mishustin, o vice-primeiro-ministro e economista Andrey Belousov e o presidente da autarquia de Moscovo, Sergey Sobyanin.

As decisões correm no sentido da substituição de importações e o governo russo decidiu apoiar as empresas envolvidas nessa frente com financiamento adicional. Mas há uma nuance que importa ter em conta: o Kremlin “continua a considerar as empresas estrangeiras como potenciais parceiros e mantém-se aberto ao diálogo com investidores com atitudes construtivas”, revela fonte governamental citada pelos jornais.

Andrey Belousov revelou que existem três cenários de desenvolvimento das relações com empresas estrangeiras que podem estar a considerar deixar o mercado russo: a manutenção das operações em território russo; a entrega da posse das empresas as seus parceiros russos (no caso de os haver) como forma de manter as empresas a funcionar; ou, no caso de insistência no abandono das operações, a intervenção através de um processo acelerado de falência – o que na prática quer dizer a perda total dos ativos para o Estado russo.

Estas medidas-chapéu envolvem um significativo leque de decisões acessórias, como sejam: a renovação do programa de pagamento de reembolsos a pequenas e médias empresas para cobrir os custos incorridos pelo uso do sistema de pagamento mais lentos; a melhoria do funcionamento do mecanismo de parceria público-privada; o reforço dos incentivos à iniciativa privada; moratórias aos créditos para cidadãos cujo salário venha a diminuis mais de 30% e para as empresas (ainda sem balizamento por parte do governo); e a simplificação das condições e procedimentos para compras por parte do Estado.

Alguns sectores – para já, estão identificados a agricultura, tecnologias, indústria farmacêutica e exploração do solo – terão medidas adicionais de combate à crise económica – mas ainda carecer de especificação legislativa.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.