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Ucrânia: Zelensky diz que há uma abordagem diferente de Moscovo nas conversações

O presidente ucraniano congratulou-se com uma nova abordagem “fundamentalmente diferente” de Moscovo nas conversações com Kiev, sublinhando que a Rússia deixou de “fazer só ultimatos”.
12 Março 2022, 18h20

Alguma coisa parece estar a mudar na frente de guerra: Volodymyr Zelensky congratulou-se este sábado com uma nova abordagem “fundamentalmente diferente” de Moscovo nas conversações com Kiev, sublinhando que a Rússia deixou de “fazer só ultimatos”.

Questionado sobre as declarações de sexta-feira do presidente russo, Vladimir Putin, que falou em “avanços” nas conversações russo-ucranianas, Zelensky, que falava numa conferência de imprensa em Kiev, disse estar “contente por ter um sinal da Rússia”.

Durante as últimas negociações, “começámos a falar” e Moscovo “não faz apenas ultimatos”, o que constitui “uma abordagem fundamentalmente diferente”, acrescentou. Segundo Zelensky, nos últimos dois anos, a Ucrânia abordou a Rússia “mais de dez vezes”, “sem nunca ter ouvido que o diálogo era possível”.

As declarações do presidente ucraniano ocorrem após uma reunião na quinta-feira dos chefes da diplomacia russa e ucraniana, na Turquia, a primeira a este nível desde o início da invasão russa da Ucrânia. Antes, decorreram três sessões de conversações a nível de delegações, a primeira perto da fronteira entre a Ucrânia e a Bielorrússia e as duas outras na fronteira entre Polónia e Bielorrússia.

Estas conversações prosseguem por videoconferência, indicou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, recusando dar mais detalhes.

Zelensky, no entanto, lamentou que “os parceiros ocidentais (da Ucrânia) não estejam suficientemente comprometidos” na abordagem da guerra – ou pelo menos numa abordagem que iria mais ao encontro das pretensões ucranianas. A mudança de tom da análise da resposta russa pode mesmo partir dessa evidência: o presidente ucraniano pode ter chegado à conclusão que a ajuda ocidental não assumirá nunca a forma que o seu país pretende, sendo que o regresso à agenda moscovita pode ser a única saída para não prolongar o martírio por que a população está a passar.

Em termos de garantias de segurança, a “Ucrânia não pode confiar na Rússia após esta guerra sangrenta. Essas garantias de segurança devem ser propostas por outros líderes estrangeiros”, considerou, mesmo assim.

Nesta conferência de imprensa, o Presidente ucraniano disse que cerca de 1.300 militares ucranianos foram mortos desde o início da ofensiva militar de Moscovo e que a parte russa perdeu 12 mil soldados. Os números não são confirmados por nenhuma entidade independente, mas esta é a primeira vez desde o início do conflito, no passado dia 24 de fevereiro, que as autoridades ucranianas divulgam um balanço das suas baixas.

Em 2 de março, o exército russo tinha indicado que perdera cerca de 500 militares, um balanço que não foi atualizado desde então. No passado dia 8 de março, após quase duas semanas de conflito, uma estimativa do Pentágono apontava para entre duas mil e quatro mil mortos do lado russo.

Entretanto, surgiram notícias de que Vladimir Putin pode em breve vir a aceitar um encontro com Zelensky em território israelita. Ou seja, Moscovo continua a preferir territórios improváveis, depois de ter aceitado a última ronda na Turquia, um país que, recorde-se, faz parte da NATO. De qualquer modo, Israel é mais um país do lado ocidental com fortes interesses económicos tanto com a Ucrânia como com a Rússia. os analistas consideram, contudo, que esse possível encontro não sucederá antes da consolidação das posições militares russas no terreno.

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