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“Ouvi” falar de guerra….

Aos jovens e a todos aqueles que talvez, tal como eu, não esperavam estar a “ouvir” falar de guerra e muito menos a vivenciá-la, aprendamos, por favor, com a História e, infelizmente, com o presente.
18 Março 2022, 07h15

A Europa está em guerra! Quem diria? Habitualmente “ouvimos” falar de guerra nos livros de História, com verbos num passado longínquo, contudo hoje em pleno século XXI, a palavra guerra não está somente escrita nos livros, mas vive-se e “ouve-se” ao “vivo e a cores”. Famílias separadas, pais a partir para a guerra, mães e avós agarradas aos seus filhos e netos a aguentar as lágrimas da dor. Paisagens outrora de renome, hoje de destruição. Comida, água e abrigo voltaram a ser necessidades básicas, difíceis de encontrar. Barulho ensurdecedor, momentos de espera para o próximo “boom”. Caminhos percorridos sem fim, à procura de um “porto de abrigo” onde quer que seja, não importa. Quem diria que a Europa do século XXI voltaria a viver os tempos de guerra dos nossos avós!

Uma Europa cujos valores de liberdade, igualdade e onde a democracia deveria ser “rainha”, vê hoje tudo isto em risco. O risco não é somente nos países debaixo de fogo, ainda que sejam estes que estão a sofrer no imediato. O risco é também para todos nós que vivemos nesta Europa. Risco de que as “fronteiras” sejam quebradas, que os tanques e as armas de guerra voltem a entrar e a destruir a paz que hoje está claramente ameaçada.

Aos jovens e a todos aqueles que talvez, tal como eu, não esperavam estar a “ouvir” falar de guerra e muito menos a vivenciá-la, aprendamos, por favor, com a História e, infelizmente, com o presente.

Num tempo histórico, como é este no qual vivemos, a tolerância e o respeito pelo outro já não deveriam ser realidades a almejar, mas realidades efetivas de uma sociedade desenvolvida. Por isso, aprendamos e reflitamos profundamente sobre este alerta para o futuro. Este é um alerta para não nos esquecermos da luta dos nossos pais, dos nossos avós, dos nossos bisavós….de uma luta pela liberdade, pela democracia, pela possibilidade de sermos ouvidos. De uma luta pelo direito ao voto livre, sem represálias por opiniões diversificadas,  por um direito à escolha, mas uma escolha consciente.

Pensemos nesta guerra também como um abrir de olhos para a importância do que realmente significa liderar vs chefiar. De acordo com uma companhia canadiana, a Õfficevibe, dedicada a promover um ambiente positivo junto de equipas de trabalho, existem grandes diferenças entre ser um chefe e um líder. Por exemplo, um líder é compassivo e preocupa-se com os seus trabalhadores; um chefe é impessoal. Um líder é inclusivo e utiliza palavras como “nós”, um “chefe gosta muito da palavra “eu”. Um líder ganha respeito pelas suas ações, um chefe ganha respeito pelo medo. Um líder vê as suas pessoas como seres humanos e com potencial de crescimento, um chefe “utiliza” pessoas. Um líder diz “eu também faço parte, vamos!”, um chefe diz “vai!”. Estas diferenças entre líder e chefe são, no mínimo, interessantes e no contexto atual de guerra, “salta à vista” quem é “líder” e quem é “chefe”, não acham?

Por isso pensemos se queremos ser “comandados” por líderes ou por chefes e com isso pensemos no “poder” que nos deram os nossos avós que lutaram para que a nossa vida fosse hoje melhor do que aquela que viveram onde a guerra também fez parte das suas vidas. Tomemos decisões conscientes, aprendamos a ouvir atentamente e criticamente e optemos pelos verdadeiros líderes aqueles que ouvem realmente o seu povo. Tal como Richard Brason afirmou para ser um bom líder devemos ser bons ouvintes. Um líder guia o seu povo por meio da destruição e da incerteza, mas com os olhos postos na esperança de um futuro digno para os seus. Um chefe “manda” fazer, sem ouvir ninguém e (pelos vistos) sem respeitar a Vida Humana, tanto do seu povo como daqueles a quem ataca.

Por isso, novamente, a quem tal como eu não pensava que voltaríamos a “ouvir” falar ou a viver uma guerra na Europa, lembremo-nos da luta dos nossos antepassados que nos trouxe a paz que hoje a maioria de nós conhece e utilizemos as nossas “armas” não para fazer guerra, mas para escolher verdadeiros líderes que nos saibam liderar tanto nos bons como nos maus momentos do nosso presente e do nosso futuro.

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