Lavrov. O diplomata amante de teatro que se tornou no porta-voz ‘durão’ de Putin

Diplomata central da Rússia há décadas

Filho de mãe russa e pai arménio, Sergey Viktorovich Lavrov nasceu em Moscovo a 21 de março de 1950. Começou a sua carreira diplomática em 1972, depois de se formar em diplomacia no Instituto Estadual de Relações Internacionais de Moscovo (MGIMO), quando foi enviado para servir como conselheiro soviético no Sri Lanka.

Em  1976, ao regressar à URSS, trabalhou no Departamento de Organizações Económicas Internacionais do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Cinco anos depois, começou a carreira nas Nações Unidas. Começou como Secretário da missão soviética, depois para Conselheiro e, finalmente, Conselheiro Sénior. De 1988 a 1992, liderou departamentos dentro do Ministério dos Negócios Estrangeiros, até que foi eleito Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros. De 1994 a 2004 foi Representante Permanente da Federação Russa na ONU, sendo Ministro dos Negócios Estrangeiros desde então.

Questionado uma vez sobre o que é preciso para ser diplomata, disse que as principais qualidades são ser “erudito” e ter um bom conhecimento de história, acrescentando que é importante a dedicação à “pátria-mãe” e entender a psicologia do negociador do oponente.

Brevemente com 72 anos, resistiu a vagas ​​de especulações de que estava prestes a aposentar-se. Em vez disso, tornou-se um dos membros mais duradouros do gabinete de Putin e o segundo diplomata russo há mais tempo no poder. 

Adepto do teatro, da música e do convívio, na faculdade e na ONU

Lavrov era muito menos sério quando era mais jovem: estava entre um dos maiores entusiastas de teatro amador do MGIMO, atuando em várias peças apresentadas pela universidade, e era conhecido por gostar de conversar com jornalistas nos corredores da ONU, escrever poesia, cantar e tocar guitarra com amigos e participar em sketchs com colegas diplomatas em eventos internacionais quando os laços da Rússia com o Ocidente eram menos conturbados.

Mas os tempos mudaram-no. Desde que se tornou ministro, o seu comportamento endureceu e parece visivelmente entediado com a rotina diária da já longa carreira diplomática. Aos media, já não se preocupa em esconder a irritação com uma pergunta tonta ou provocativa, muitas vezes respondendo com ar de desprezo ou irónico.

Porta-voz de Putin

“À medida que a relação com o Ocidente piorou, a sua reputação mudou. Lavrov faz discursos que refletem as opiniões da única pessoa que é importante para ele: o presidente Putin”, disse a ex-agente de serviço de inteligência norte-americana Angela Sent.

Aproveitando, tal como fez Putin, a ampla nostalgia pública pela influência do país na era soviética, Lavrov veio a descrever os EUA como arrogantes, traiçoeiros e determinados a dominar o mundo. Ademais, considerou os aliados de Washington como fantoches obedientemente seguindo a sua linha, no objetivo último de deter a Rússia.

Em concreto, desde a invasão da Ucrânia, o Ministro da Defesa é o porta-voz de Putin e não se afasta dos interesses deste e da Rússia. Nesse papel, atua mais como um mensageiro do que como um influenciador-chave.

Uma esposa, uma amante, e uma filha de cada

Muito reservado em relação à vida pessoal, à semelhança de Putin. Contudo, sabe-se que é casado desde 1971 com Maria Lavrova, com quem tem uma filha, Ekaterina, de 40 anos, nascida e criada em Nova York, de quem tem netos. Em paralelo, tem uma amante de longa data, Svetlana Polyakovam — que trabalha no Ministério dos Negócios Estrangeiros desde 2014 —, e com quem tem uma filha ilegítima, Polina Kovaleva, 26.

Como não podia deixar de ser, é em relação à amante que surgiram escândalos. Um relatório publicado em 2021 pela publicação anticorrupção “iStories”, revelou que Lavrov levou Polyakova em mais de 60 vezes em ‘missões diplomáticas’, inclusive para Portugal, e financiou o seu estilo de vida de luxo avaliado em 13, 6 mil milhões de dólares (cerca de 12,3 mil milhões de euros) no Reino Unido e na Rússia. Contudo, esta deve ser uma quantia insignificante para Lavrov, que se acredita possuir centenas de milhões de dólares em propriedades e outros ativos.

Fontes: The Roscongress Foundation, The Independent, LA Times, Daily Mail, France24.