“Renovação e transformação na continuidade, melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”. As palavras de João Lourenço na tomada de posse em agosto de 2017 convidavam a interpretações múltiplas. Depois de 28 anos de presidência de José Eduardo dos Santos, as perguntas sobre os planos do sucessor eram muitas.
Não demorou muito, no entanto, para perceber que corrigir o que estava mal passava por corrigir o peso que os filhos do antecessor tinham ganho na economia angolana. Passados menos de três meses, Isabel dos Santos foi exonerada da presidência da Sonangol e, no início de 2018, foi a vez de José Filomeno sair do fundo soberano e passar a arguido num caso de alegada burla por defraudação, tráfico de influência e branqueamento.
O golpe mais forte demorou mais tempo, foi desferido nos últimos dias de 2019 com o arresto das contas bancárias de participações de Isabel dos Santos em várias empresas angolanas. A decisão, pedida pelo Estado angolano, indica que está em causa a não devolução de um financiamento que a Sonangol fez à Exem – cujos beneficiários são a empresária e o marido Sindika Dokolo – numa sociedade controlada pelo Grupo Amorim e dessa forma, indiretamente, na portuguesa Galp Energia.
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