[weglot_switcher]

Fitch considera substituição do gás russo na Europa “fazível” no médio-prazo

Apesar de se afigurar uma tarefa “desafiante” no curto-prazo, o reforço da estrutura de pipelines europeus para o centro do continente e a capacidade de pagar “preços competitivos” podem assegurar o fim da dependência energética da Rússia, projeta a Fitch.
Reuters
8 Abril 2022, 22h01

A Fitch mostra-se otimista quanto à capacidade da Europa de substituir o gás natural russo no médio-prazo, mas alerta para as dificuldades no imediato e para a necessidade de ser reforçada a infraestrutura de pipelines no continente, bem como de a zona euro estar preparada para pagar preços elevados por este bem.

Apesar de se mostrar um desafio complexo no curto-prazo, a substituição do gás natural russo no mercado europeu é fazível, afirma a agência financeira, mas obrigará à diversificação de fontes – incluindo renováveis -, a poupanças energéticas e, sobretudo, a manter “preços competitivos” que sejam capazes de “incentivar o redireccionamento de grandes volumes de gás natural liquefeito (GNL)” da Ásia para a Europa.

“Aproximadamente dois-terços da oferta global de GNL está contratualizada, o que deixa pouca folga para aumentar o fornecimento à Europa, a não ser que ofereça preços mais altos”, refere a Fitch, que projeta que “o mercado de GNL se mantenha rígido nos próximos dois anos, com a Europa a competir com a Ásia pelos fluxos”.

Por outro lado, a rede de pipelines do Velho Continente precisa de reforço, sobretudo para os países do centro e leste, como a Alemanha, cuja capacidade de receber GNL é ainda reduzida ao mesmo tempo que a dependência do gás russo é grande. Neste capítulo, Portugal desempenharia um papel importante, dado que, juntamente com Espanha, França e Itália têm os mais capazes terminais de importação.

“Acreditamos que a estratégia europeia é fazível no médio-prazo, desde que os incrementos propostos na capacidade de GNL se materializem, enquanto preços competitivos na Europa continuam a redirecionar fluxos da Ásia, além de uma oferta adicional por pipeline da Argélia, bem como renováveis e eficiência energética crescentes”, resume a nota da instituição financeira, acrescentando ainda que os EUA terão de ultrapassar um abrandamento no licenciamento de novas explorações.

Caso o fornecimento russo seja cortado, o mercado europeu verá “a sua resistência testada”, mas a Fitch considera que o seu impacto dependeria da duração deste corte. Adicionalmente, “a capacidade da Rússia de redirecionar volumes de gás reservados para a Europa é limitada”, pelo que uma decisão unilateral de Moscovo neste sentido não parece muito provável.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.