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Pedro Latoeiro: “O ciberespaço é, na comunidade internacional, um faroeste”

O fundador do Center for Cooperation in Cyberspace disse no Fórum Cibersegurança do JE que, apesar de estar na agenda mediática, a cibersegurança ainda não teve repercussões normativas a nível global. Mas já se esteve mais longe.
19 Abril 2022, 14h45

As empresas são alvos “primordiais” para ciberataques mas o grau de preparação e resposta está longe do desejável não só em Portugal, mas em todo o mundo, disse esta terça-feira o fundador do Center for Cooperation in Cyberspace, Pedro Latoeiro, no Fórum Cibersegurança do Jornal Económico (JE), no ISEG. A ONG é a única entidade portuguesa a participar nos trabalhos da Organização das Nações Unidas (ONU).

O painel em que participava deburçava-se sob a forma como as organizações portuguesas encaram o risco de cibersegurança e procurava identificar estratégias e oportunidades para ultrapassar os obstáculos que se colocam para os próximos anos, em que a crescente digitalização dos negócios e da vida quotidiana dá lugar a novos e mais complexos riscos.

Reveja aqui este fórum.

“As empresas são alvos primordiais dessas organizações, alvo de criminosos ou de agentes estatais”, disse Pedro Latoeiro, recordando que o ciberespaço é também já um dos palcos da guerra. “É óbvio que a cibersegurança está na agenda internacional, bem como empresarial”, continua, “mas acho que o facto de estar na agenda mediática ainda não teve tradução efetiva, normativa”, assinala. “O ciberespaço é, na comunidade internacional, um faroeste”.

Para o autor da biografia de António Guterres, existe neste momento uma dupla preocupação, assente por um lado na inexsitência de normas e, por outro, no receio do que essas normas poderão vir a ser. Latoeiro diz que é assinalável “a preocupação de existência de uma norma que é má”.

“Sinto que as empresas estão atentas”, diz, por se tratar de um tema que exige homogeneidade na solução, “da mesma forma que não faz sentido combater uma pandemia vacinando um hemisfério e deixando o outro por vacinar”, atira.

“Não existe um instrumento legal internacional para supervisionar o ciberespaço. Mas vai haver”, avisa Pedro Latoeiro, até porque é nesse sentido que trabalha.

Esta indefinição internacional e inércia corporativa devem-se ao facto de o ciberespaço “ser um vazio”, diz. Vazio esse que começa a ganhar contornos numa estratégia global, ainda que esta esteja a dar os seus primeiros passos: “Há uma dificuldade conjuntural (…) Já se concluiu uma primeira ronda [de conversas] e já houve pontos de acordo importantes, sobre a neutralidade da net, por exemplo. O futuro tratado vai cobrir os cyber-dependent crimes e os cyber-enabled crimes“, explica.

“Agora, tudo o resto são enormíssimos pontos de interrogação”, termina.

No painel, que foi moderado pelo subdiretor do JE, Ricardo Santos Ferreira, estavam também presentes o responsável pela área de Segurança de Informação e Cibersegurança da Edisoft, Timóteo Menezes, o diretor da área de Risco Tecnológico e Cibersegurança da BDO, António Pinto, o Cybersecurity Director da Claranet Portugal, David Grave, e ainda o Cybersecurity and Privacy Officer da Huawei Portugal, Nuno Teodoro.

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