Apesar das sanções do Ocidente, que têm como objetivo isolar e prejudicar a economia da Rússia, o país parece ter quase duplicado as receitas das vendas de combustíveis fósseis à União Europeia desde o início da invasão da Ucrânia. As contas, divulgadas esta quinta-feira, pelo “The Guardian”, surgem numa altura em que é reiterado a intenção do bloco europeu aplicar um embargo ao carvão, petróleo e gás russo.
Segundo a publicação britânica, que cita uma análise do Centro de Pesquisa de Energia e Air Limpo (CREA, sigla em inglês) a Federação russa terá recebido cerca de 62 mil milhões de euros em exportações das três matérias-primas em causa nos últimos dois meses, sendo que a Alemanha continua a ser a principal importadora.
Para o bloco europeu, as importações custaram cerca de 44 mil milhões de euros durante o mesmo período, em comparação com os cerca de 140 mil milhões durante todo o ano de 2021.
Os resultados indicam que mesmo com a redução do volume de exportações, e com as ameaças de um bloqueio total às matérias-primas made in Russia, Moscovo e gigantes petrolíferas como a BP, Shell e ExxonMobil, beneficiaram do aumento dos preços.
Embora as exportações da Rússia tenham sido reduzidas pela guerra e pelas sanções, o domínio do país como fonte de gás resultou em que um corte no abastecimento apenas aumentasse o preço destas comoditties, preços esses que já eram altos por causa da oferta apertada à medida que as economias mundiais recuperavam da pandemia de Covid-19. O envio de petróleo russo para portos estrangeiros caiu 30% nas primeiras três semanas de abril, segundo dados do CREA.
Lauri Myllyvirta, analista-chefe do CREA, ressalvou que a nova tabela de preços sustentou o esforço de guerra de Putin e que a única maneira de desmantelar a máquina de guerra russa, era se afastar rapidamente dos combustíveis fósseis.
“As exportações de combustíveis fósseis são um fator chave para o regime de Putin e muitos outros estados desonestos”, cita o “The Guardian” as declarações da responsável. “As importações contínuas de energia são as principais lacunas nas sanções impostas à Rússia. Todos que compram esses combustíveis fósseis são cúmplices das horrendas violações do direito internacional perpetradas pelos militares russos”.
Em meados de abril, o Conselho da União Europeia adotou o quinto pacote de sanções à Rússia pela sua contínua agressão militar contra a Ucrânia e “atrocidades” cometidas pelo exército russo, que incluiu a proibição de importação de carvão e novas limitações aos bancos russos.
A aprovação surgiu após a Comissão Europeia ter proposto uma proibição de importação pela UE de carvão russo, que vale à Rússia quatro mil milhões de euros por ano, e de ter admitido sanções adicionais a serem tomadas, incluindo sobre importações de petróleo.
A Rússia é responsável por cerca de 45% das importações de gás da UE, bem como por cerca de 25% das importações de petróleo e por 45% das importações de carvão europeias.
Em média, na UE, os combustíveis fósseis (como gás e petróleo) têm um peso de 35%, contra 39% das energias renováveis, mas isso não acontece em todos os Estados-membros, dadas as diferenças entre o cabaz energético de cada um dos 27 Estados-membros, com alguns mais dependentes do que outros.
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