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BlackRock lança fundo de infraestruturas perpétuo para impulsionar transição energética

A BlackRock está a lançar uma nova estratégia de investimento em infraestruturas direcionada para a transição energética. Metade do investimento será canalizado para a Europa, incluindo Portugal.
Eduardo Munoz/Reuters
18 Junho 2022, 18h34

A gestora de ativos norte-americana BlackRock anunciou em comunicado que lançou uma Estratégia de Infraestruturas Perpétua para ajudar a impulsionar a transição energética.

Mais de metade da estratégia será inicialmente atribuída à Europa, tornando-se globalmente diversificada nas próximas décadas, diz a gestora em comunicado.

Na edição desta sexta-feira do Jornal de Negócios, era referido que Portugal está na mira dos gestores do fundo. André Themudo, responsável de negócio da BlackRock em Portugal em entrevista ao Negócios, disse que a gestora para já, está a captar financiamento junto de investidores institucionais para começar a alocação de capital ainda este ano.  Os investidores alvo são fundos de pensões, seguradoras ou fundações.

A BlackRock anunciou que “irá estabelecer uma estratégia de infraestruturas perpétuas que procurará estabelecer parcerias com empresas líderes em infraestruturas a longo prazo para ajudar a impulsionar a transição energética global”, lê-se no comunicado.

Uma estrutura com capital perpétuo é uma estrutura criada sem um horizonte temporal definido. O capital não é devolvido, mas todo o investimento é recuperado através desta distribuição de dividendos ao longo da vida. Será um fundo aberto à entrada de capital de clientes.

“Com base nas amplas capacidades da plataforma de infraestruturas de longa data da BlackRock, procurará fazer investimentos duradoiros em activos essenciais e visará criar retornos resilientes e ligados à inflação para os investidores, ao mesmo tempo que cria crescimento na economia real. Mais de metade da estratégia será inicialmente atribuída à Europa, tornando-se cada vez mais global nas décadas vindouras”, acrescenta a empresa.

O foco está na transição energética, pois será a componente mais forte do fundo, entre 40% e 50% da carteira, segundo revelou na entrevista ao Negócios André Themudo.

A mudança para uma economia verde está hoje a criar uma mudança radical em todos os sectores de infraestruturas, “abrindo oportunidades de investimento atrativas em várias áreas”, defende a BlackRock que revela que “esta estratégia prosseguirá os investimentos nas megatendências da transição energética e da segurança energética, bem como nas infraestruturas digitais e comunitárias, na mobilidade sustentável e na economia circular”.

A gestora procurará mobilizar capital para empresas totalmente integradas, tais como empresas de serviços públicos e actores de infraestruturas de energia renovável de ponta a ponta, bem como ativos como centros de dados, tecnologias de digitalização da rede, sistemas de armazenamento de baterias, e instalações de armazenamento e transporte de gás natural, onde seja adaptável para incorporar hidrogénio.

“Através dos seus investimentos nestes negócios, a BlackRock adoptará uma abordagem activa no sentido de ajudar as empresas a transitarem para modelos empresariais de baixo carbono ao longo do tempo”, revela a gestora.

“Acreditamos que a intersecção de infraestruturas e sustentabilidade será uma das maiores oportunidades em investimentos alternativos nos próximos anos. Ao mesmo tempo, acontecimentos recentes acentuaram o foco na segurança energética e agravaram ainda mais a necessidade de investimento em infraestruturas”, refere, em comunicado, Edwin Conway, Director Global da BlackRock Alternative Investors. “Os mercados privados continuarão a desempenhar um papel fulcral na transição energética, e temos o prazer de oferecer aos nossos clientes outra forma de ir além de simplesmente navegar na transição para a impulsionar”, adianta.

Estima-se que sejam necessários 125 biliões de dólares de investimento a nível mundial até 2050 para atingir o estágio de zero emissões líquidas (net zero), incluindo mais de 4 biliões de dólares por ano, em comparação com o actual um bilião de dólares por ano.

“Para além de financiar a transição a longo prazo, uma nova força motriz tornou-se a questão da segurança energética a curto prazo, particularmente na Europa, em resultado dos choques energéticos causados pela guerra na Ucrânia. De acordo com o Instituto de Investimento BlackRock, o afastamento da energia russa acelerará a transição para a situação de zero emissões líquidas na Europa a longo prazo, mas torná-la-á mais divergente a nível global”, defende a BlackRoack.

A equipa especializada em infraestruturas vai gerir este fundo gere mais de 55 mil milhões de dólares de ativos.

“A BlackRock é líder na transição energética, tendo mobilizado mais de 55 mil milhões de dólares de investimentos através das suas estratégias de infraestruturas desde o seu início”, refere na nota Anne Valentine Andrews, Chefe Global da BlackRock Real Assets.

“A nossa capacidade de reunir empresas, governos e clientes institucionais significa que estamos numa posição única para mobilizar capital de investidores a nível global em activos reais que impulsionam a transição energética e têm um impacto positivo nas comunidades e economias locais”, conclui Anne Valentine Andrews.

A BlackRock Alternative Investors possui uma ampla gama de recursos de mercado privado projetados para ajudar a impulsionar a transição energética, diz o comunicado.

Como motor precoce na transição energética, o primeiro investimento da BlackRock em energia renovável em nome dos seus clientes foi um projecto eólico na Europa em 2012. Desde então, o negócio de activos reais da BlackRock, no valor de 75 mil milhões de dólares, continuou a desenvolver as suas estratégias com o crescimento das oportunidades de mercado, através das suas infraestruturas diversificadas e negócios de infraestruturas climáticas.

“A BlackRock gere hoje uma das maiores marcas mundiais de infraestruturas climáticas, investindo em energias renováveis em mercados desenvolvidos”, refere a gestora que lembra que estabeleceu recentemente uma parceria com os governos da França, Alemanha e Japão, juntamente com uma série de investidores institucionais e fundações, para angariar a Parceria de Financiamento Climático (Climate Finance Partnership), um veículo de financiamento misto, de referência, centrado no investimento em infraestruturas climáticas em mercados emergentes.

Mais recentemente, a BlackRock estabeleceu a Decarbonization Partners, uma parceria com a Temasek centrada no capital de risco em fase adiantada (late-stage venture capital) e capital privado de crescimento inicial investindo em soluções de descarbonização.

Além disso, a BlackRock recentemente fez parceria com empresas e investiu em projetos que ajudam a impulsionar a transição energética. Estes incluem, entre outros: uma joint venture com a KX Power, a empresa britânica que desenvolve e opera sistemas de armazenamento de energia de baterias; um investimento na Kellas Midstream, uma empresa de infra-estruturas energéticas que está a desenvolver um grande projecto de hidrogénio azul no Reino Unido; a assinatura de um memorando de entendimento com a Saudi Aramco para explorar oportunidades conjuntas em futuros projetos de transição energética relacionados com a infraestrutura energética de baixo carbono; um investimento na Calisen, um dos principais proprietários e instaladores de contadores inteligentes no Reino Unido; e um investimento na Ionity, uma das principais redes de carregamento de alta potência da Europa, que permitirá à empresa aumentar o número de pontos de carregamento de alta potência em mais de quatro vezes até 2025.

“A BlackRock pretende lançar fundos de investimento abertos subjacentes e irá procurar parceiros fundadores na segunda metade de 2022. As estruturas abertas proporcionarão a capacidade de angariar e investir continuamente capital ao longo da vida da estratégia”, conclui a gestora.

 

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