A fronteira entre a Lituânia, Polónia, Kaliningrado e a Bielorrússia pode tornar-se na frente de um confronto direto entre a NATO e a Rússia.
Esta região tem o nome de corredor de Suwalki e marca uma das fronteiras da NATO, a Rússia e um dos seus aliados, o regime de Lukashenko. No pior cenário possível, uma resposta da NATO a um ataque russo pode provocar um conflito nuclear.
O corredor tem um comprimento de 100 quilómetros entre a fronteira lituana-polaca e regressou às notícias nos últimos dias depois de a Lituânia bloquear o movimento de comboios transportando ferro e outros metais entre o exclave e a Rússia.
Moscovo já ameaçou punir a Lituânia se manter o bloqueio, com o país báltico a argumentar que limita-se a cumprir as sanções europeias à Rússia.
A Lituânia é membro tanto da União Europeia como da NATO. Se a Rússia decidir tomar o controlo do corredor para assegurar a movimentação de pessoas e bens entre o seu exclave e a Bielorrússia, país aliado de Vladimir Putin, o estado báltico ficaria sem ligação por terra aos seus aliados da NATO e parceiros da UE.
“Num confronto direto entre a Rússia e a NATO, o corredor de Suwalki seria provavelmente o primeiro ponto de contacto”, escreve o Politico considerando que este é o “lugar mais perigoso da terra”. O corredor é descrito como uma região agrícola pouco populada.
Em março deste ano, a “Foreign Policy” destacava que a “NATO deve preparar-se para defender o seu ponto mais fraco: o corredor de Suwalki” e que os estados bálticos eram os “membros mais expostos da NATO”.
“Se há algo que a invasão russa da Ucrânia nos ensinou é que os EUA e os seus aliados devem preparar-se para os piores cenários possíveis focando-se nas capacidades militares russas na região, e não nos anúncios do Kremlin”, segundo a revista.
Mas a tensão nesta região não é de agora. Em 2017, a France Presse descrevia o corredor como um “pesadelo para a NATO”.
Em 2015, depois da invasão russa da Crimeia, a “NBC” destacava que este corredor “mantinha os generais norte-americanos de topo acordados à noite”.
A razão? O corredor é “perfeito” para uma invasão russa recorrendo a tanques.
“Podemos mobilizar brigadas e divisões no espaço de dias. Isto deve ser bastante claro para qualquer potencial adversário que a NATO é a aliança militar mais forte que existe. Esta capacidade de resposta vai prevenir conflitos”, disse na altura o general John Nicholson.
Quatro mil soldados da NATO estão atualmente estacionados na região.
A Rússia tem construído ao longo dos anos uma forte presença militar em Kaliningrado, incluindo armas nucleares, dezenas de milhares de soldados e a frota russa do Mar Báltico.
O exclave pertenceu à Alemanha até à segunda guerra mundial sendo conhecido por Konigsberg até à altura. A União Soviética ficou depois a controlar o território, tendo renomeado-o com o nome atual, tendo a população alemã sido expulsa e substituída por russos.
A Lituânia conta com um exército de apenas 20 mil soldados e a sua força aérea conta com apenas cinco aviões, incluindo um avião de transporte e um Cessna, um pequeno avião monomotor com capacidade para quatro pessoas. O país tem cerca de dois terços o tamanho de Portugal e uma população de 2,8 milhões de pessoas.
“A única resposta a esta desafio é a NATO aumentar a sua presença aqui. Sabemos como a Rússia é obcecada em fechar corredores de terra”, disse ao “Politico” o vice-ministro lituana da Defesa Margiris Abukevicius.
A Lituânia conta atualmente com a maior fronteira terrestre com a Rússia e a Bielorrússia – 900 quilómetros – entre os membros da NATO.
A Bielorrússia tem servido de base para a Rússia lançar ataques militares à Ucrânia durante a invasão do país.
A entrada de tropas russas neste corredor significa que a NATO teria o direito de acionar o artigo 5: com todos os seus membros convocados para defender a Polónia e/ou a Lituânia.
Mas resta agora saber se Putin tem o desejo de testar a vontade dos membros da NATO.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com