Na primeira grande entrevista desde que assumiu a direção executiva da Associação de Promoção da Madeira, em fevereiro, Sara Marote, revela ao Económico Madeira o esforço que tem sido feito para tornar a região um destino turístico com ofertas durante o ano inteiro, e também como a promoção da Madeira é feita junto dos vários mercados.
Entre os mercados emergentes identificou os países de leste, Polónia e o báltico. Que tipo de influência podem ter estes mercados? Podem assumir a importância de mercados mais tradicionais como Alemanha, Reino Unido, França?
Isso é uma previsão muito ambiciosa porque eles ainda têm um expressão pequena de crescimento, e desde logo em termos de tradição já somos visitados por alemães, ingleses, já há décadas. Eu acredito que o potencial é grande, acredito que os números cresçam bastante, porque nós temos tudo o que eles valorizam.
Tem existido uma maior aposta em termos de promoção junto desses mercados ….
Estamos sempre atentos a oportunidades. Nós estamos sempre muito junto dos agentes do setor. A Associação de Promoção da Madeira não promove apenas através de marketing, e de campanhas de marketing direto. Nós temos campanhas co-branded, nós temos parcerias com os agentes principais, tour operadores, companhias aéreas, de todos esses países. Nós apoiamos em termos de campanhas de marketing a promoção do destino através dessas entidades que no fundo são as que vão trazer turistas. Estamos constantemente à procura de novas oportunidades, novos parceiros. Fazemos uma avaliação importante dos business cases que nos são trazidos em termos de número de pessoas, de nicho de mercado. Nós também avaliamos o tipo de turistas que esses países e esses agentes nos trazem. E fazemos uma avaliação tendo em consideração todos esses aspetos que são importantes para o destino.
Estamos muito próximos deles. Apoiamos. Não só marketing direto, mas também co-branded, no fundo em parceria com eles. Nós é que lhes damos os conteúdos, nós é que lhes entregamos as fotografias que devem publicar, os próprios conteúdos. Nós somos muito cuidadosos para que eles alinhem a sua estratégia de marketing e promoção da Madeira aquilo que são os objetivos promocionais da Associação de Promoção da Madeira.
É um trabalho de equipa que fazemos com eles. Temos pessoas dedicadas exclusivamente à validação das campanhas co-branded que fazemos com os nossos operadores.
Na promoção do destino tem existido uma tentativa de colagem do destino a vários tipos de atividades como a serra, o mar. Já não se vê o destino como um destino mais sénior. Que impacto é que esta estratégia tem trazido na atração e diversificação de públicos?
Nós temos aproveitado as oportunidades todas que nos surgem. Temos uma mistura fabulosa de montanha, mar, e cultura. E cultura entenda-se é património, gastronomia, a nossa história, tudo isso. Temos tido oportunidade e temos agarrado e temos apoiado. Temos apoiado vários iniciativas como o Oceanman, os trails, Miut’s. Temos sido visitados por surfistas que já escolhem o destino para a prática do desporto. E não há dúvidas nenhumas que nós temos todas as condições para poder receber esse turista e produto que só vem valorizar a Madeira. Lançamos o novo site Madeira Ocean and Trails que pretende agregar toda a informação relevante para os nossos visitantes e atividades de mar e serra. Tem toda a informação disponível e necessária para poder fazer a prática de desportos tanto de mar e serra. E tem sido um sucesso.
Temos também feito parcerias com marcas. Dou-lhe o exemplo da Deeply. Traz-nos um público jovem, uma camada jovem que arrasta atrás de si uma série de pessoas. São os tais influencers que são também um meio importantíssimo, e um veiculo importantíssimo, de promoção do nosso destino. São pessoas que se destacam na suas redes sociais, e pela influência que podem ter sobre os seus seguidores. Tudo isso conjugado e todas estas atividades fantásticas. Acho que as pessoas procuram novos desafios e experiências e a Madeira é rica em proporcionar essas novas experiências e desafios de férias por assim dizer. E mesmo a prática do desporto. Tivemos o campeonato do mundo de fotografia subaquática no ano passado. Vamos ter o europeu este ano.
Com o apoio que demos adquirimos os direitos de utilização das fotografias. Que são absolutamente incríveis.
Esta ideia de que o destino Madeira era de um público mais sénior já não corresponde à realidade ….
De maneira nenhuma. A Madeira é um destino para todos e de ano inteiro. É muito importante que se retenha essa mensagem. Que é isso que nós tentamos transmitir. E temos de continuar o nosso empenho em que não é um destino só de verão. É um destino de ano inteiro. Onde quem nos escolhe vem e vai ter sempre uma série de atividades que pode fazer o ano todo. E que na realidade é isso que acontece.
Nas filmagens da Deeply. O testemunho que a surfista nos deu é que num dia só vive as estações todas do ano. Teve chuva, sol, frio, calor, e pode usufruir. E depois há outra coisa importantíssima. Podem ir de um sítio a outro, do mar à serra, sem exagero, em 30-45 minutos. Isto é um privilégio ao alcance de poucos.
Pode estar na praia e em 45 minutos segue pela Encumeada e já está no Paul no meio da serra, a fazer escalada, caminhada, a correr. E podemos ver o nascer do sol no Pico Ruivo e ao mesmo tempo acompanhar o sol e ir ver o por do sol no Jardim do Mar.
E isto para os jovens é absolutamente fabuloso.
Também pensando nesse público mais jovem também apoiamos algumas iniciativas como concertos. Vamos ter em breve os Dire Straits em junho. Vai arrastar uma série de público jovem e mais uma vez vamos ficar nas bocas do mundo.
Ao mesmo tempo que fazemos tudo isto continuamos a nos promover nos meios tradicionais.
A promoção do destino acaba por inclui vários setores …..
Nós temos público, nós fazemos estudos de mercado. Nós atuamos tendo em conta estudos de mercado que fazemos para direcionarmos o melhor possível o nosso investimento e energia criativa.
E dou-lhe o exemplo do público norte-americano que valoriza muito a cultura. A cultura e a ligação que têm ao Vinho Madeira e isso está muito enraizado nas decisões e devemos potenciar tudo o que temos de bom culturalmente. Temos os tetos da Sé que acabaram de ser recuperados e que são uma verdadeira maravilha. Que quem vem e vê fica de facto impressionado. São todas estas ofertas culturais que temos espalhadas pela ilha toda que temos de potenciar e fazer uma promoção coordenada.
O efeito da pandemia ainda está a ter reflexo nas dormidas …
Ainda não recuperamos a 100%, face a 2019, mas vamos a caminho. O ano passado já tivemos os meses de verão com resultados muito positivos quando comparados com 2019. Foi noticiado pela Secretaria Regional do Turismo que tivemos uma ocupação maravilhosa na páscoa e já se sente. Basta andarmos na rua nós já temos a Madeira cheia, de turismo bonito, famílias, turismo jovem, gente feliz por poder estar na rua outra vez e poder viajar, e poder usufruir de alguma paz e tranquilidade, de férias. E vamos a caminho de conseguir recuperar os níveis de 2019.
Existe também este interesse em termos de promoção que o gasto do turista seja mais elevado ….
Todos ganham.
O último estudo que existe é de 2015. É preciso fazer um estudo do gasto médio. Acredito que tenham evoluído positivamente. Mas eu não tenho como dizer com certeza. Creio que em breve será feito um estudo. Tornamos a medir esse gasto médio. Um gasto médio que envolve o setor todo. Não é só a viagem. A estadia. São os restaurantes, são as experiências. É tudo.
Tudo isto conta no gasto médio. Quanto mais conseguirmos posicionar o nível dos nossos turistas num segmento mais alto todos vão ganhar.
Em termos promocionais como se trabalha o Porto Santo? Em termos da própria oferta hoteleira que esforços têm sido feito para dar resposta à sazonalidade e oferta hoteleira?
Desde logo apoiando todas as iniciativas que possam ocorrer nos meses fora do verão. Normalmente são iniciativas desportivas, temos por exemplo o padel, um desporto que podemos dizer emergente que se propõe fazer um campeonato no Porto Santo e que nós vamos apoiar. Temos o campeonato de fotografia subaquática. E o nosso esforço é acima de tudo de tentar criar o golfe, é também importante. Tentar fazer com que sejam atraídos para o Porto Santo, fora da altura do verão, outras atividades complementares, que não sejam apenas a praia. Que é uma praia maravilhosa. Eu como madeirense, conhecendo o Porto Santo, a melhor época para lá estar é fora do verão. Acho que qualquer madeirense escolhe ou nas pontas do verão onde podemos ter tranquilidade e um sítio espetacular para descansar e que naturalmente terá que ter um esforço maior mas sempre com estas atividades extra que não são propriamente o lazer, mas é um turismo desportivo, alguém que nos visita para participar num concurso, num campeonato. E muitos mais que nos venham a ser apresentados e que nós vamos obviamente fazer tudo para apoiar.
Em conversa com um operador turístico ele referia que por exemplo se fazia promoção da Madeira através da praia do Porto Santo. Quando o turista chegava à Madeira e perguntava onde estava a praia acabavam por não a encontrar porque a praia estava noutro sítio ….
O turista que nos visita no verão tem sempre a possibilidade de visitar o Porto Santo, um dia, fazer um dia de praia. Nós tentamos sempre, e o nosso papel é esse, é nas campanhas co-branded, juntamente com os nossos parceiros ajustar a mensagem que passamos. Mas não é impossível e é pratica bastante comum o turista que vem visitar a Madeira pode ir passar um dia no Porto Santo. E na altura do verão pode ir de manhã cedo e voltar no fim do dia. E experiencia a praia na mesma. Tem o tempo de viagem para ir e voltar mas ainda o dia completo. Não será de todo despropositado. Mas claro que não podemos afirmar que temos uma praia à mão. Mas nós tentamos de alguma forma que a mensagem seja passada de forma correta. Por isso é que temos alguém na nossa equipa a trabalhar em conjunto com os nossos parceiros para que a mensagem e as campanhas sejam o mais ajustadas possível e o mais corretas e fidedignas possível em relação aquilo que temos para oferecer. Sem defraudar expetativas.
Edição do Económico Madeira de 6 de maio.
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