Numa altura em que as relações empresariais e políticas entre Portugal e Angola são uma questão abordada de forma transversal no nosso país, o empresário José Braz da Silva, dono da Tâmega Engineering (antiga Construtora do Tâmega), da Finertec e de outras empresas, com três décadas de currículo ligado àquele país e a toda a África, concede uma entrevista exclusiva ao Jornal Económico, em que explica as suas difíceis relações com a família do antigo presidente angolano José Eduardo dos Santos. Uma sociedade falhada com a sua filha, Tchizé dos Santos, fechou-lhe o mercado angolano até hoje, mas o grupo reestruturou-se e começa a dar os primeiros passos de recuperação após a forte crise por que passou nos últimos anos. Miguel Relvas continua a ser um amigo, mas já não trabalha para o grupo.
Como surge a sua ligação empresarial em Angola?
Comecei a trabalhar em Angola em 1992, 1993. Foram os anos da guerra. Comecei em atividades de trading e com uma pequena área de construção e também de imobiliário, com empresas locais, como a Iberstran e a Emproc, que era uma UEE – Unidade Económica Estatal, que foi por mim adquirida ao Estado angolano. Foram empresas que se constituíram lá e esta última, que comprei ao Estado angolano, em processo de privatização. Fizemos parcerias com outras empresas portuguesas e também espanholas, com diversos parceiros estrangeiros. Claro que as empresas que não estavam localizadas em Angola nos viram mais como angariadores de negócios, o que tornou todo o processo mais difícil.
O cenário mudou quando foi alcançada a paz em Angola?
O acordo de paz chegou em 2002. Pensei criar um grupo empresarial com atuação em diversas áreas estruturantes, que considerávamos estruturais para criar riqueza em Angola, ou seja, as infraestruturas e a energia, por exemplo. Nessa altura, decidi que estava na altura de desenvolvermos competências nessas áreas. Por isso, em 2004, decidi criar a ERA – Energias Renováveis de Angola, que ainda hoje existe, para desenvolver a área da energia. Tinha de comprar competências e, também nesse sentido, adquiri a Finertec ao Grupo José de Mello. Essa aquisição ocorreu em 2005. A Finertec nunca teve atividade em Angola, apenas em Portugal. A minha intenção ao comprar a Finertec foi internacionalizar a sua atividade para Angola, fazer um back up, porque me faltavam competências técnicas na área da engenharia para atacar o mercado de Angola. Curiosamente, a primeira internacionalização da Finertec até ocorreu em Cabo Verde, em dezembro de 2005, para um contrato que ganhámos para suprir graves falhas de energia na Cidade da Praia, na ilha de Santiago.
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