A agência de notação financeira Fitch dá nota positiva ao ministro das Finanças, Mário Centeno. “Para nós, enquanto uma agência rating, a sua postura é positiva”, disse Michele Napolitano, senior diretor da Fitch e responsável pela análise do risco da dívida portuguesa.
“A postura de Mário Centeno, e do Governo em geral, faz com que Portugal se distinga em relação a outros países da zona euro, como a Itália, ou até a Espanha”, adiantou. “O facto de [Portugal] ter um Executivo que, muito abertamente, tem por objetivo o excedente primário de cerca de 3% do PIB e tem por meta a redução da dívida, é algo que dá conforto de que a postura fiscal continuará prudente”, adiantou Michele Napolitano.
Questionado sobre se o primeiro excedente orçamental da história da democracia portuguesa de 0,2% é coerente com o ‘pedido’ do Banco Central Europeu (BCE) para os Estados-membros da zona euro aumentarem o investimento público, o analista da Fitch respondeu no sentido afirmativo.
“Consideramos que é coerente porque o BCE está a falar para os países que têm folga orçamentar e que têm um nível de dívida inferior ao de Portugal”, explicou Michele Napolitano. “O BCE tem dito que os países com elevado stock de dívida devem utilizar o espaço orçamental onde este existe, mas o objetivo principal deverá ser sempre o de reduzir o stock da dívida. Nós consideramos que a proposta [do Orçamento do Estado para 2020] vai nesta direção”, frisou.
“O facto de [o Governo] ter por objetivo o excedente primário e a redução da dívida é algo que vai em linha com o que Christine Lagarde (presidente do BCE) tem dito. Mas, mais importante para nós, é positivo na nossa análise sobre Portugal”, adiantou o analista da Fitch.
“Portugal está a tentar utilizar espaço orçamental para aumentar o investimento público. A despesa produtiva pode ter um efeito multiplicador no PIB e, se o aumentar, então terá um impacto nos rácios do PIB, o que é claramente um indicador chave para nós”, disse Michele Napolitano.
Substituto de Centeno poderá fazer soar os alarmes
A possibilidade de Mário Centeno não cumprir a legislatura de quatro anos foi avançada pelo comentador político Luís Marques Mendes, no comentário habitual na SIC, no início de dezembro. Ainda que “o rating seja independente das personalidades”, Michele Napolitano considera que “tudo dependerá de quem o substituir”.
Questionado sobre se a eventual saída de Mário Centeno do Governo poderá fazer soar os alarmes no que ao rating de Portugal diz respeito, o analista da Fitch disse que a agência de notação “olha para políticas” e que o rating é “independente de personalidades”, mas admitiu tratar-se de “uma questão justa”.
“Mário Centeno tem sido prudente do ponto de vista orçamental. O que podemos dizer é que iria depender do seu substituto e se isso traduzir-se-ia numa alteração significativa da postura orçamental”, vincou Michele Napolitano.
Assim, para o analista da Fitch, se Centeno eventualmente for substituído por alguém com políticas de continuidade, não deverá ter impacto na análise do rating de Portugal.
Mas, no caso contrário, poderão fazer-se soar os alarmes? “Sim. Acho que é uma análise justa”, admitiu Michele Napolitano.
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