As marcas anunciaram o fim das motorizações Diesel há alguns anos e preparam-se para converter todos os modelos em versões eletrificadas, algumas serão 100% elétricas, outras serão plug-in híbridas. E isto não é uma moda. O tempo de os elétricos serem apanágio de um hipster com consciência ambiental já passou. Hoje é uma questão ambiental mas também, e acima de tudo, de custo e poupança. Para as deslocações casa-trabalho e vice-versa todas as marcas apresentam versões plug-in capazes de cumprir os percursos de algumas dezenas de quilómetros em modo totalmente elétrico. Para percursos longos, a solução ainda é o motor de combustão, no entanto as marcas estão a apresentar baterias com autonomias entre os 300 e os 500 quilómetros, ao mesmo tempo que há baterias para carregamentos parciais em pouco mais de uma hora. E depois esperam-se os superchargers, com carregamentos quase tão rápidos como o tempo de enchimento convencional do tanque de um veículo a combustão.
A expansão da infraestrutura de carregamento é crucial. De acordo com uma organização não governamental, citada pela comunicação social, a “Transport and Environment”, acredita que não haverá escassez de postos de combustíveis desde que todos os Estados-membros cumpram os seus objetivos em matéria de eletricidade, sendo que a Comissão Europeia recomenda uma quota de dez automóveis elétricos por posto de carregamento público. As perspetivas para este ano é de que cada posto público venha a ser partilhado por 15 automóveis elétricos em países como França, Alemanha e Áustria.
Mas regressemos à mobilidade urbana e ao impacto da eletricidade. As estimativas da União Europeia (UE) indicam que os cidadãos europeus viverão esmagadoramente nas cidades, podendo aproximar-se dos 80% da população a residir em aglomerados. Poluição e stresse com o trânsito só dificultam a vida das pessoas. E a mobilidade elétrica pode fazer a diferença, desde que seja provida de uma infraestrutura de abastecimento de energia. Para 2020, estão previstos cerca de 40 mil postos de carregamento público na Europa.
Contudo, a par da substituição do automóvel a combustão pelo automóvel elétrico há algo mais a acrescentar a esta revolução na sociedade e disrupção tecnológica. E essa opção passa pela proibição de circulação de automóveis a diesel, algo que se irá estender a automóveis a gasolina. Mas também pela opção de partilha na mobilidade. Alguns estudos feitos no norte da Europa mostram que zonas reservadas a veículos elétricos e a ciclistas aumentaram o volume de vendas nas zonas comerciais. Este é um estudo que Lisboa carece, caso avance a iniciativa de limitação de determinado tipo de veículos nas zonas nobres da cidade.
A Agência Europeia do Ambiente tem salientado a necessidade de alterar comportamentos para reduzir as emissões de CO2 para a atmosfera. Claro que a ortodoxia política optou por penalizar o diesel em detrimento da gasolina, quando são estes últimos motores a poluir com dióxido de carbono. Este é, no entanto, um comportamento para ser tomado numa lógica de longo prazo e tendo por base a necessidade de mitigar o efeito dos gases no clima. Para além da vertente climática, a União Europeia está também a impor restrições apertadas à indústria – relembremos as coimas que serão aplicadas aos construtores que até final deste ano não cumprirem a média dos 95/g de C02. Esta é, pois, uma oportunidade para a indústria europeia se transformar. No norte da Europa, nomeadamente na Noruega e na Holanda, será proibida a venda de veículos a diesel e a gasolina a partir de 2025, e na Alemanha isso poderá acontecer em 2030 e em França e no Reino Unido a mesma medida poderá ser aplicada em 2040. O crescimento das vendas de veículos elétricos está, no entanto, dependente do fornecimento de baterias e os vários grupos construtores têm criado parcerias para evitar o colapso do abastecimento, mas depende igualmente dos modelos, notando-se uma clara falta de resposta para o setor de mercadorias e para o transporte público.
Marcas lançam soluções e inovações
A título de exemplo, cite-se o grupo FCA, que está a lançar as novas Easy Wallbox e as Conected Wallbox, dois produtos de carregamento doméstico comercializados em colaboração com a Engie, e dentro de um projeto que se irá alargar à Enel X. Passa a ser possível uma potência de alimentação até 2,3 kW num tempo de carregamento de cinco horas. Com uma atualização feita por um eletricista, será ainda viável aumentar a potência de alimentação até 7,4 kW com o mesmo hardware, e reduzir o tempo de carregamento para 100 minutos. A SmartWallbox, também do mesmo grupo construtor e fornecido pela Engie e pela Enel X, oferece potências de carregamento monofásicas de 3,7 kW e 7,4 kW, e trifásica de 22 kW.
Todas as marcas apresentam soluções de parceria. A Nissan é outro exemplo, aliada à Logic, um operador logístico de entregas ao domicílio, tendo o teste sido feito com a e.NV200. E ao nível de cartões, a BP, a Galp ou a Prio têm cartões para aceder à rede e carregamento elétrico em espaço privado. E quem quiser aferir da eficiência da frota elétrica, a ADENE criou o MOVE+, um sistema de avaliação e classificação do desempenho energético de frotas automóveis. O sistema permite identificar oportunidades de poupança de combustível e de minimização de impacte ambiental através da gestão otimizada da frota. Um outro serviço interessante é a Flow, que resulta de uma parceria entre a Galp e o CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento. A Flow disponibiliza uma plataforma para acelerar a adoção dos conceitos de “Software as a Service” e de “Mobility as a Service” aplicados à gestão de frotas, eletrificação e partilha de veículos.
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