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Covid-19. Setores do têxtil, automóvel, calçado e turismo já “começam a ser prejudicados”

Empresas estão hoje reunidas com o Governo para avaliar impactos do coronavírus.
Cristina Bernardo
9 Março 2020, 11h10

O Governo e os parceiros sociais estão reunidos esta segunda-feira de manhã para avaliar o impacto que o novo Covid-19 está a ter nas empresas nacionais e na economia. Os representantes das confederações patronais alertam para consequências nas cadeias de abastecimento e no setor do turismo.

“Alguns setores começam a ter problemas nas suas cadeias de abastecimento, nomeadamente no têxtil, algum setor automóvel, calçado. Há inclusivamente uma fábrica de calçado que teve que encerrar portas para quarentena, começamos a ter efeitos. Há os efeitos do turismo, temos um conjunto de setores que já começam a ser prejudicados”, disse o presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, em declarações aos jornalistas à entrada para a reunião, transmitidas pela RTP Informação.

António Saraiva considerou que a linha de 100 milhões de euros para as empresas anunciada pelo Governo “é uma primeira medida” e que mais terão que ser fatiadas “em função daquilo que for a realidade concreta daquilo que nos vier a deparar”.

Também o presidente da Confederação do Turismo, Francisco Calheiros, disse esperar “que hoje o Governo vai apresentar-nos aqui uma série de medidas”, considerando que “a linha de 100 milhões vai atenuar, mas manifestamente não chega para aquilo que vai acontecer”.

“Este tipo de crises são situações que se vão prolongando à medida que o tempo se vai prolongando. Ainda sabemos muito pouco. A mensagem da Confederação do Turismo tem sido de calma para ver o que vai acontecer”, frisou Francisco Calheiros, em declarações transmitidas pelo canal público.

O presidente da Confederação do Turismo admitiu que o impacto em alguns setores “é bastante grande” e que “no que diz respeito a grupos, são cancelamentos que já estamos a ter”.

“A situação que estava na semana passada, com a situação de hoje é um bocado pior, vamos ver o que se passa”, acrescentou.

O Governo anunciou uma linha de financiamento às empresas para ajudar a atenuar o impacto do coronavírus e lançou também um procedimento de controlo de impacto nas importações e exportações portuguesas. O Secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, explicou ao Jornal Económico que o Governo quer que os agentes económico possam ter informação alargada e atualizada para poderem tomar decisões numa altura de potenciais constrangimentos na cadeia de fornecimento devido à propagação do coronavírus.

Através das redes externas, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) começou a recolher informação sobre mercados e setores com o objetivo de comunicar os dados às empresas, através das associações empresariais.

Portugal regista atualmente 31 casos de pacientes infetados com Covid-19, com a identificação de um novo caso, avança a SIC Notícias esta segunda-feira. O caso mais recente é o da mãe de uma jovem do Algarve que esteve recentemente em Itália e que foi o primeiro caso confirmado no Algarve. Duas irmãs desta jovem estão atualmente em isolamento, sem sintomas.

Segundo a SIC Notícias, a mulher infetada é professora na Escola Básica 2,3 Professor José Buísel, em Portimão. Esta escola já foi encerrada, a par da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes também nesta cidade algarvia, onde há 1.800 alunos sem ir às aulas.

O surto de coronavírus em Portugal levou ao encerramento das escolas Secundária da Amadora e a Escola Básica 2,3 Roque Gameiro, também localizada na Amadora. As escolas vão ficar encerradas durante 14 dias devido a dois alunos terem testado positivo, um em cada escola.

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