A Direção-Geral da Saúde (DGS) está a monitorizar as redes sociais no âmbito da ativação do dispositivo de saúde pública de prevenção devido ao novo coronavírus. Fonte oficial da DGS revelou ao Jornal Económico que os dados alvo da designada monitorização psicossocial das redes sociais, correspondem a comentários extraídos das redes de Facebook das fontes noticiosas SIC Notícias, Correio da Manhã, Expresso, TVI 24, Público e Observador. Objetivo: avaliar as exigências dos cidadãos e a percepção de risco face à epidemia do Covid-19 e recolher para futuras recomendações de comunicação de risco em situação de crise.
“A monitorização psicossocial visa recolher dados de indicadores de perceção de risco dos cidadãos associada à epidemia, com vista ao desenvolvimento de recomendações de comunicação de risco em situação de crise, baseada na evidência”, avançou ao JE fonte oficial da DGS após questionada sobre o objectivo de monitorização das redes sociais por parte desta entidade.
Segundo a mesma fonte, esta actividade de monitorização das redes sociais, nomeadamente do Facebook, “particularmente, pretende avaliar as exigências que os cidadãos percecionam serem colocadas por estes eventos, bem como os recursos (sociais e pessoais) que percecionam estarem disponíveis”.
A DGS adianta ainda que entre várias recomendações derivadas das análises, foram também emitidas recomendações de combate a notícias falsas, dando conta de que no início da monitorização foram igualmente incluídos dados extraídos das redes de Facebook da DGS, INEM, SNS, SAPO e da televisão do grupo Cofina, CMTV.
O JE questionou a DGS se existe alguma articulação entre esta entidade e o Facebook com vista a esta monitorização, tendo a mesma fonte assegurado que “não existe articulação com o Facebook e outras entidades com vista a monitorização”, adiantando, porém, que ”estão em avaliação contactos no sentido do direcionamento dos cidadãos para sites de informação fiáveis como o da DGS”.
Já quanto à vigilância epidemiológica de utilizadores que tenham regressado, ou vão viajar, de e para áreas de maiores risco de contágio do Covid19, a DGS adianta que “não é passível de ser efetuada através dos media sociais, sendo esta realizada por profissionais de saúde pública no ‘terreno’, com experiência comprovada em vigilância e investigação epidemiológica”.
Recorde-se que em Portugal foram activados, no final de janeiro, os protocolos estabelecidos para situações do género, reforçando no Serviço Nacional de Saúde a linha Saúde 24, através do número 808242424; e a linha de apoio médico, para triagem e evitar que em caso de eventual contágio as pessoas não encham os centros de saúde e as urgências dos hospitais.
No seu site a DGS assegura que tem seguido, desde o primeiro momento, o desenvolvimento do surto de coronavírus no contexto da identificação do novo vírus, tendo ativado o dispositivo de Saúde Pública do país, com monitorização e vigilância epidemiológica, gestão e comunicação de risco, habituais nestas situações.
De entre as atividades que têm sido desenvolvidas, destacam-se ainda , além da monitorização das redes sociais, a constituição de uma equipa de peritos/especialistas (Task-force) para dar resposta à epidemia, a divulgação de comunicados diários, a organização de conferências de imprensa, a produção e atualização de informação para o cidadão na página e nas redes sociais da DGS e a emissão de orientações técnicas e recomendações para profissionais do sistema de saúde e aeroporto.
A estas acções somam-se ainda a ativação da Linha SNS24 para triagem e encaminhamento de casos suspeitos, bem como a produção e divulgação de materiais informativos para diferentes públicos, incluindo aeroportos, portos, unidades de saúde, escolas e população em geral; e a atualização e validação da informação disponível sobre os casos de doença respiratória aguda pelo novo coronavírus,de acordo com a evolução epidemiológica e evidência científica.
No âmbito do dispositivo de saúde pública, a DGS destaca também como actividades a articulação permanente com instituições/organizações internacionais para adoção de medidas, em consonância com as recomendações emitidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) e de acordo com a avaliação de risco a nível nacional.
Em Portugal, no final de janeiro, a DGS anunciou a ativação dos dispositivos de saúde pública de prevenção, continuando a monitorizar a situação e a realizar avaliações rápidas de risco.
A OMS elevou a 28 de fevereiro o nível de ameaça do novo coronavírus para “muito elevado” em todo o mundo.
Também a 2 de março a Comissão Europeia anunciou um novo plano de ação para o combate contra o coronavírus. Em conferência de imprensa, Ursula von der Leyen apresentou o plano de prevenção contra o surto e elevou o nível de risco de “moderado” para “elevado” .
DGS assegura: não faz vigilância de notícias falsas
Questionada sobre se a DGS está a fazer denúncias de publicações alarmistas ou sem fundamentação científica no Facebook, fonte oficial da entidade liderada por Graça Freitas assegura que “não faz atualmente vigilância de notícias falsas, assim como também a OMS e outras entidades”. E realça: “o objetivo da DGS, OMS e outras entidades, tem sido o de direcionar os cidadãos para fontes oficiais de informação sobre o COVID-19, bem como motivá-los para estarem alertas e serem críticos quando lêem notícias cuja credibilidade poderá ser percecionada como duvidosa”.
Segundo a DGS, tendo por base estas recomendações, os cidadãos podem “tomar uma decisão informada e agir de várias formas (procurar fontes credíveis de informação, denunciar posts, etc)”.
Ver resposta a esta pergunta, na pergunta anterior. A DGS adianta ainda que tem detetado no âmbito da sua monitorização psicossocial das redes sociais, várias afirmações falsas ou incorretas partilhadas pelos cidadãos, tendo desde o início da monitorização emitido recomendações de comunicação tendo por base dois objetivos: direcionar os cidadãos para fontes credíveis e capacitá-los para uma decisão informada que lhes permita lidar com notícias falsas.
39 casos confirmados em Portugal
Até ao fim da tarde desta segunda-feira, 9 de março, havia 281 casos suspeitos de novo coronavírus que estão a ser analisados em Portugal, tendo subido para 39 o número de pessoas infetadas pelo Covid 19.
Segundo a DGS, o risco para a saúde pública em Portugal é considerado “moderado a elevado”.
Mediante o acumular de casos de infetados pelo Covid-19 nos concelhos da Lousada e Felgueiras, a DGS anunciou que procedeu-se ao encerramento não só dos estabelecimentos escolares (públicos e privados), mas também à suspensão de atividade dos estabelecimentos de lazer/culturais e de utilização pública, designadamente ginásios, bibliotecas, piscinas, espaços para eventos e cinemas.
Também o Conselho Nacional das Escolas Médicas decidiu encerrar temporariamente todas as faculdades de Portugal devido ao surto do coronavírus A medida visa evitar contactos de alunos e professores com os doentes. Esta medida afeta quase 12.500 estudantes.
O surto de Covid-19, detetado em dezembro na China e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou já 3.819 mortes, tendo o número de pessoas infetadas em todo o mundo aumentado para 109.946,segundo um balanço feito pela agência noticiosa France Press (AFP), com dados atualizados às 9h00 desta segunda-feira 9 de março.
Os países mais afetados depois da China são a Coreia do Sul (7.382 casos, incluindo 69 novos, 51 mortes), Itália (7.375 casos, 366 mortes), Irão (6.566 casos, 194 mortes) e França (1.126 caso, 19 mortes).O novo corona vírus, 2019-nCoV, foi identificado pela primeira vez em humanos, na China em 2019.
Facebook disponibiliza divulgação gratuita de informação sobre coronavírus
Numa publicação na rede social, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou que a OMS e outras entidades ligadas à área da saúde irão ter acesso a anúncios gratuitos na plataforma, com o grande objetivo de combater a difusão de informações falsas ligadas ao vírus.
Zuckerberg garante que está “focado em parar a desinformação perigosa” e que “é importante que toda a gente tenha um sítio para partilhar as suas experiências e falar sobre este surto, mas os princípios da nossa comunicado deixam claro que não é aceitável partilhar informação que possa colocar os outros em risco”.
Já desde meados de janeiro, quando foram detetados os primeiros casos, que o Facebook anunciou que iria redobrar os esforços para evitar a difusão de informação falsa sobre o Covid-19 ou promessas de cura que ponham em risco a segurança dos utilizadores.
A OMS foi alertada, em Dezembro de 2019, para alguns casos de uma pneumonia de origem desconhecida na cidade de Wuhan, tendo a existência do vírus sido confirmada pelas autoridades chinesas, em Janeiro de 2020. Desde aí, já existem casos diagnosticados em todo o mundo, o que levou a que a OMS considerasse o estado de emergência global de saúde pública, desencadeando os planos de contingência adequados de cada país.
No caso de Portugal, a DGS está a acompanhar a situação e tem vindo a reforçar as recomendações de medidas de prevenção gerais descritas, emitindo outras específicas para viajantes para o estrangeiro. Em caso de qualquer questão referente a este vírus, a DGS apela a que não se acorra ao serviço de urgência mais próximo sem antes se contactar a Linha de Saúde disponível (SNS24) – 808 24 24 24. Desta forma pretende-se diminuir o potencial de transmissão e melhorar os cuidados fornecidos a cada doente.
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