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Portugal emite 1.181 milhões em obrigações. Covid-19 força taxa mais alta a 10 anos

A agência liderada por Cristina Casalinho pagou 0,426% para emitir 500 milhões em dívida com prazo em 2025 e uma taxa de 0,059% para colocar 681 milhões em obrigações com maturidade em 2030. “Esta ténue subida nas yields está diretamente ligada ao impato que o Covid-19 tem tido nos mercados globalmente”, diz analista.
Cristina Bernardo
11 Março 2020, 11h04

O IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – emitiu esta quarta-feira um total de 1.181 milhões de euros num leilão duplo de Obrigações do Tesouro (OT) a cinco e 10 anos, tendo pago uma taxa mais alta na maturidade benchmark, num período de volatilidade nos mercados financeiros devido ao surto do novo coronavírus.

O montante indicativo era entre 1.000 milhões e 1.250 milhões de euros.

Na maturidade mais longa, o IGCP pagou uma taxa de 0,426% para emitir 500 milhões de euros, o que compara com uma yield de 0,45% no mercado secundário. No último leilão comparável, em novembro, Portugal tinha pago uma taxa de alocação de 0,333%.

“Portugal emitiu dívida a 5 anos e 10 anos com yields ligeiramente acima do que seria esperado na semana passada e no caso da emissão a 10 anos, acima do último leilão comparável”, sublinhou Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa. “Esta ténue subida nas yields está diretamente ligada ao impato que o Covid-19 tem tido nos mercados globalmente”.

Na dívida a cinco anos, o Tesouro pagou uma taxa de 0,059%. No leilão comparável mais recente, a 12 de fevereiro, a agência liderada por Cristina Casalinho pagou uma taxa negativa (-0,057%) para dívida com prazo em julho de 2026.

“A incerteza e o medo vieram abalar de uma forma generalizada a confiança dos investidores e colocar em causa a recuperação económica que os países estavam a ter”. vincou Filipe Silva. “O alastrar do vírus da China para outros países estava de certa forma menosprezada pelo mercado, mas quando essa perceção mudou, muitos investidores optaram por desinvestir ou realocar o risco que têm nas suas carteiras”.

Explicou que, se por um lado os países core assistem a mínimos históricos nas suas taxas de longo prazo, com o bund alemão a fazer um mínimo de -0,90% e os EUA 0,3%, já os países da periferia da zona euassistiram a um alargar do seu spread, com as taxas a subirem.

“Os bancos centrais e governos, têm estado a anunciar estímulos monetários e fiscais para ajudar ao abrandamento que iremos ter. Para Portugal e apesar da subida que tivemos, ainda estamos a emitir dívida com taxas historicamente baixas”, adiantou, alertando que “se a perceção de risco para a nossa economia não mudar drasticamente, esta deverá ser a tendência para os próximos tempos.”

Nas OT a cinco anos, a procura superou a oferta em 1,63 vezes, enquanto na maturidade mais longa o bid-to-ratio cover foi de 1,53 vezes.

[Atualizada às 11h19]

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