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Marcelo Rebelo de Sousa avisa que “a banca tem de entrar na corrida contra o relógio” para recuperar a economia

Presidente da República recorda que os bancos portugueses devem retribuir as ajudas que os contribuintes lhes deram, agilizando linhas de crédito às empresas que garantam manutenção dos postos de trabalho. “Um dia mais tarde é pior do que um dia mais cedo, tal como uma semana mais tarde é pior do que uma semana mais cedo”, alerta.
4 Abril 2020, 14h03

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse neste sábado que a banca portuguesa “tem de entrar na corrida contra o relógio” para garantir linhas de crédito às empresas, pois a economia precisa de liquidez para permitir a recuperação da crise provocada pela pandemia de Covid-19 e garantir a manutenção dos postos de trabalho e dos rendimentos das famílias. “Um dia mais tarde é pior do que um dia mais cedo, tal como uma semana mais tarde é pior do que uma semana mais cedo”, disse o Chefe de Estado durante uma visita a uma exploração agrícola em Vila Franca de Xira, realizada para mostrar “que uma parte do país está a produzir alimentos fundamentais para o resto do país continuar a viver”.

Referindo-se à videoconferência que vai fazer na segunda-feira com os presidentes dos cinco maiores bancos de Portugal, o Chefe de Estado recordou o esforço dos contribuintes para viabilizar o setor financeiro. “Sabendo que a banca está estabilizada, é chegada a ocasião de retribuir aos portugueses aquilo que fizeram”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, que pretende ouvir dos responsáveis da banca soluções “para que o dinheiro chegue ao terreno” com a maior rapidez, visto que os “processos bancários às vezes são demorados e difíceis”.

Apesar de reconhecer que “é muito popular bater na banca” – sem deixar claro se estava a fazer uma referência à intervenção de Rui Rio na Assembleia da República em que o líder do PSD disse que “seria uma vergonha e uma ingratidão para com os portugueses” se a banca apresentar lucros neste e no próximo exercícios ou à mais recente iniciativa legislativa do Bloco de Esquerda – Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu mérito aos responsáveis do setor financeiro por terem dado a volta à situação entre 2016 e 2020.

Sem “entrar em pormenores” quanto aos limites aos spreads dos empréstimos ou à obtenção de lucros, Marcelo Rebelo de Sousa não deixou de afirmar que a decisão já tomada por alguns bancos de não distribuírem dividendos aos acionistas, “muitos deles estrangeiros” – enumerou os norte-americanos, chineses e espanhóis, reconhecendo que também há alguns portugueses -, é “obviamente uma decisão muito sensata”.

Quanto ao reinício das aulas, nomeadamente dos alunos do Ensino Secundário, o Presidente da República condicionou-a à evolução da pandemia. “É uma decisão que o Governo vai tomar com ponderação e rigor”, apontando para que no final do mês de abril esteja tudo pronto para apurar se há condições que fazer regressar centenas de milhar de estudantes, professores e outros profissionais de ensino ao contacto social.

Confiante de que até meados de abril Portugal assistirá à estabilização na lenta descida de infetados da pandemia, com um número de internados “não superior a mil” e um “número contido” de ventilados nos cuidados intensivos, Marcelo Rebelo de Sousa não se comprometeu com qualquer data.

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