O número de infetados pelo Sars-coV-2 ultrapassa significativamente os valores oficiais divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que até esta quarta-feira, 8 de abril, sinalizam mais de 1,4 milhões de pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus. Em média cerca de 6% das infecções por Covid-19 o número real de pessoas infectadas em todo o mundo já pode ter atingido várias dezenas de milhões, revela um estudo realizado por investigadores da Universidade de Göttingen, na Alemanha, publicado no dia 30 de março na revista científica The Lancet.
No estudo os investigadores recorreram a estimativas da mortalidade e do tempo até à morte para testar os registos oficiais dos casos de Covid-19. Os dados apurados detetaram que os países identificaram somente 6% das infecções pelo novo coronavírus, e o número real de indivíduos em todo o mundo pode afinal ter alcançado a marca de dezenas de milhões.
Os investigadores sugerem que apenas uma pequena percentagem das pessoas infetadas com Covid-19 é examinada e faz parte dos boletins oficiais. De acordo com o mesmo estudo (ver aqui http://www.uni-goettingen.de/en/64100.html),dezenas de milhões de pessoas já podem estar infectadas.
Para obter estes números, os investigadores “utilizaram as estimativas da mortalidade por coronavírus e o tempo compreendido entre o diagnóstico e a morte do paciente, para assim testar a veracidade dos relatórios oficiais. Isso mostra que os países descobriram, em média, apenas cerca de 6% das infecções”.
O estudo também dá conta de sinais preocupantes sobre a percentagem de contaminação em alguns países, realçando que “testes insuficientes e atrasados podem explicar por que alguns países europeus, como Itália e Espanha, estão a enfrentar números de vítimas muito mais elevados (em relação aos casos confirmados relatados) que a Alemanha, que detectou uma estimativa de 15,6% das infecções em comparação com apenas 3,5% na Itália ou 1,7% na Espanha. As taxas de detecção são ainda mais baixas nos Estados Unidos (1,6%) e no Reino Unido (1,2%) – países que receberam críticas generalizadas de especialistas em saúde pública pelo atraso na resposta à pandemia.
No extremo oposto surge a Coreia do Sul que, diz o estudo, “parece ter descoberto quase metade de todas as suas infecções por SARS-CoV-“2. Os autores estimam que em 31 de março de 2020, a Alemanha teve 460.000 infecções. Com base no mesmo método, calculam que os Estados Unidos tinham mais de dez milhões, a Espanha mais de cinco milhões, a Itália em torno de três milhões e o Reino Unido cerca de dois milhões de infecções. No mesmo dia, a Universidade Johns Hopkins informou que em todo o mundo havia menos de 900.000 casos confirmados, o que significa que a grande maioria das infecções não foi detectada.
Para Sebastian Vollmer, professor de Economia do Desenvolvimento da Universidade de Göttingen, estes resultados significam que “governos e decisores de políticas precisam ter extrema cautela ao interpretar números de casos no âmbito das suas ações de planeamento”. Sebastian Vollmer salienta que “essas diferenças extremas na quantidade e qualidade dos testes realizados em diferentes países significam que os registos oficiais de casos não fornecem informações úteis”.
Já outro investigador, Christian Bommer, acrescenta: “grandes melhorias na capacidade dos países de detectar novas infecções e conter o vírus são urgentemente necessárias”.
Segundo os últimos dados da DGS, nesta terça-feira, 7 de abril, Portugal registava mais 34 mortes e 712 infetados com Covid-19 em Portugal. O país tem agora 12.442 pessoas infetadas como o novo coronavírus e 345 mortes no total, segundo o último boletim da DGS.
Ou seja, de domingo para segunda-feira registou-se um aumento de 10,9% no número de mortes e de 6% no de infetados. Na segunda-feira, a taxa de crescimento de contagiados atingiu a menor subida desde a chegada do surto a Portugal: 4%. A de mortos encontrava-se nos 5,4%.
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