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“Pior recessão desde a Grande Depressão”: Economia mundial contrai 3% este ano, projeta o FMI

PIB da zona euro deverá recuar 7,5% este ano, com Itália a ser o país com a maior queda, enquanto a China cresce 1,2%. Assumindo que a pandemia se dissipe no segundo semestre de 2020 e as medidas de contenção podem ser gradualmente levantadas, o FMI vê o crescimento do PIB mundial a recuperar para 5,8% em 2021.
14 Abril 2020, 13h30

A economia mundial vai contrair 3% este ano, devido à pandemia do novo coronavírus, antes de recuperar para 5,8% em 2021, projeta o Fundo Monetário Internacional (FMI), no World Economic Outlook (WEO), publicado esta terça-feira.

A diretora-geral da instituição, Kristina Georgieva, já tinha antecipado que esta “é uma crise como nenhuma outra” e que as “perspetivas sombrias” atingem todas as economias, agora no relatório, a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath alerta que “este ano a economia global irá viver a pior recessão desde a Grande Depressão, superando a verificada durante a crise financeira global de há uma década”.

No cenário base, assumindo que a pandemia se dissipa no segundo semestre de 2020 e as medidas de contenção podem ser gradualmente levantadas, o FMI vê o crescimento do PIB mundial a recuperar para 5,8% em 2021, com a normalização da atividade económica, ajudada por políticas de apoio.

“Existe uma extrema incerteza sobre as projeções de crescimento global. As consequências económicas dependem de factores que interagem de forma difícil de prever, incluindo o percurso da epidemia, a intensidade e a eficácia dos esforços de contenção, a extensão das interrupções das cadeias de abastecimento, as repercussões do dramático aperto nas condições de mercados financeiros globais, de alterações nos padrões de despesa, de mudanças de comportamentos”, refere, enumerando ainda a volatilidade dos preços das matérias-primas.

Realça ainda que muitos países enfrentam uma crise de várias camadas, como choques na saúde, interrupções económicas internas, procura externa em queda ou o colapso nos preços das matérias-prima. “Os riscos de um resultado pior predominam”, diz.

PIB da zona euro deverá ter contração de 7,5%

Quase nenhum país escapa a uma recessão este ano nas projeções do FMI. Os economistas vêem o PIB norte-americano a ter uma contração de 5,9%, antes de recuperar para 4,7% em 2021, enquanto na zona euro a contração deverá ser de 7,5%, para expandir 4,7% no próximo ano.

Entre as economias europeias, Itália deverá ser a mais penalizada, com uma contração do PIB de 9,1%, seguida por Espanha (-8%), por França (-7,2%) e pela Alemanha (-7%). Os pesos-pesados da economia europeia deverão recuperar, com o crescimento da economia italiana a avançar 4,8% em 2021, seguida por Espanha (4,3%), França (4,5%) e Alemanha (5,2%).

Já o impacto da epidemia na economia britânica deverá levar o PIB a cair para -6,5%, com uma recuperação de 4% em 2021.

Por outro lado, apesar da queda abrupta no crescimento, a China deverá escapar a uma contração do PIB, expandindo 1,2% este ano, com uma forte recuperação em 2021 (9,2%). O FMI vê a economia indiana a crescer 1,9% em 2020 e 7,4% em 2021.

No entanto, o FMI salienta que a recuperação da economia em 2021 está dependente do segundo semestre deste ano e do desvanecer da epidemia, permitindo que as medidas de contenção “sejam gradualmente reduzidas e restaurando a confiança dos consumidores e investidores”. Ainda assim, mesmo com essa recuperação, as projeções de crescimento permanecem abaixo das previstas antes da epidemia.

“Alguns aspectos que sustentam a recuperação podem não se materializar e, piores resultados do crescimento global são possíveis – por exemplo, uma contração mais profunda em 2020 e uma recuperação mais fraca em 2021 – dependendo do percurso da pandemia e da intensidade das consequências económicas e financeiras”, adverte.

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