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Tesouro quer angariar hoje até 1.250 milhões de euros com emissão de dívida a cinco e dez anos

Portugal regressa ao mercado esta quarta-feira para angariar até 1.250 milhões de euros, num leilão de dívida a cinco e dez anos. Analista ouvido pelo JE diz que polémica sobre os entraves do tribunal alemão ao programa de dívida do BCE não deverá ter um grande impacto neste leilão. 
Cristina Bernardo
13 Maio 2020, 08h10

Os juros da dívida portuguesa no mercado secundário têm vindo a subir ligeiramente desde o anúncio dos entraves do Tribunal alemão ao programa de compra de dívida do Banco Central Europeu, embora tenham estabilizado, pelo que o impacto para os custos de financiamento de Portugal nesta quarta-feira deverá ser residual, segundo o analista da corretora Infinox, Pedro Amorim.

O IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública realiza um leilão de Obrigações do Tesouro com maturidade em outubro de 2025 e outubro de 2030, com um montante indicativo global de 1.250 milhões de euros.

“As taxas de juro têm-se mantido estáveis desde o início de abril. Deveremos ter uma emissão a 10 anos perto dos 0,95% de cupão e a cinco anos deverá emitir ligeiramente acima dos 0,3%, registando assim uma ligeira descida em relação à ultima emissão”, antecipa Pedro Amorim.

No último leilão comparável de emissão a dez anos, a 22 de abril, Portugal emitiu 598 milhões de euros  com uma taxa de  alocação de 1,194%, tendo a procura superado a oferta em 1,68 vezes. Já na última colocação a cinco anos, a 11 de março, o Tesouro pagou uma taxa de 0,059%, tendo a procura superado a oferta em 1,63 vezes.

O analista da Infinox considera que “em termos de procura vai ser o tradicional: a procura acima da oferta”, realçando que “para a categoria de risco a taxa de juro está apetecível aos olhos dos institucionais”.

Na semana passada, o Tribunal Constitucional alemão ter considerado que partes do programa lançado por Mario Draghi em 2015 iam contra as regras, dando três meses à instituição de Frankfurt para fazer alterações, o BCE disse ter “tomado nota” da decisão, mas a presidente do banco central reiterou a independência da insitituição, enquanto a Comissão Europeia anunciou estar a ponderar colocar um processo de infração à Alemanha.

Pedro Amorim diz que “a decisão do tribunal alemão não irá afetar em nada” o leilão de dívida portuguesa nesta quarta-feira. “O mercado já assume este tipo de decisões “locais” como não elegíveis para decisões centrais. Estamos a falar de uma medida desfavorável para a Alemanha, mas a decisão central é soberana”, frisou. Apesar de admitir que “haverá obviamente algumas contrapartidas que irão beneficiar a Alemanha, mas nada materialmente relevante”.

“As taxas de juro [no mercado secundário] estão estáveis desde o grande aumento que tivemos no pico da pandemia na zona euro, sendo que o mercado estará a aguardar pela decisão final do BCE e comissão europeia para o plano europeu. As dívidas periféricas serão as mais afetadas, onde Portugal se encontra, obviamente o mercado secundário reagirá”, disse.

Esta terça-feira, os juros da dívida portuguesa a 10 anos negociavam nos 0,912% (cerca das 16h30) e a cinco anos nos 0,319%.

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