Passados cerca de três meses desde a proliferação mundial da pandemia, chegamos a uma nova fase na Europa e na América do Norte – a necessária reabertura que permita retomar alguma normalidade e minorar os efeitos económicos dramáticos que resultaram do confinamento. O que se passou nas economias em abril mostra que é necessário tentar reabrir.
A evolução dos novos casos, internamentos e óbitos é encorajadora, embora persista a discussão sobre se as medidas de distanciamento social implementadas foram exageradas. Os números parecem, para já, dar razão a quem defendia um menor contacto entre as pessoas. Nos países que não quiseram ou que não conseguiram atempadamente implementar um confinamento restritivo, houve maior incidência de casos e mortalidade.
O conhecimento acerca do vírus permanece limitado. Ainda não existe um protocolo terapêutico consensual e a vacina parece estar a muitos meses de distância. Portanto, a reabertura significará arriscar uma segunda vaga da doença e de mortalidade. Os países estão mais bem preparados ao nível das estruturas de saúde e dos comportamentos sociais, mas o risco de descontrolo é significativo devido ao desfasamento entre as medidas e os seus efeitos.
O confinamento teve como objetivo “alisar a curva” para impedir que o sistema de saúde entrasse em colapso.
Em Portugal o objetivo foi conseguido, mas a dificuldade na gestão das próximas semanas advém desse efeito de inércia – se os novos casos dispararem só é possível reagir depois de as urgências voltarem a encher. E é nesta expectativa que a economia mundial agora se encontra. Com a segunda vaga poderá vir também a confirmação de que o pior já ficou para trás.