[weglot_switcher]

Moody’s deverá cortar o ‘outlook’ de Portugal para ‘estável’

A agência de notação financeira, que tem agendada uma avaliação à dívida soberana portuguesa esta sexta-feira, deverá alinhar o ‘outlook’ de Portugal com a Fitch, a S&P e a DBRS e cortar o ‘outlook’ para ‘estável’, apesar de manter o ‘rating’ inalterado.
16 Julho 2020, 18h00

A Moody’s deverá pronunciar-se esta sexta-feira sobre a dívida soberana portuguesa e manter o rating de Portugal inalterado, mas descer o outlook de ‘positivo’ para ‘estável’, segundo os analistas consultado pelo Jornal Económico. Desde o início da pandemia, que duas das principais agências de notação financeira cortaram o outlook de Portugal, devido à deterioração da economia mundial, à qual o país não passou incólume e a agência norte-americana deverá seguir o mesmo caminho.

“Não será uma surpresa se a Moody’s descer a perspetiva, tendo em conta que todo o contexto se alterou substancialmente”, antecipa Filipe Garcia, economista e presidente da IMF- Informação de Mercados Financeiros.

Atualmente, a agência de notação norte-americana avalia o rating de Portugal em ‘Baa3’ e outlook ‘positivo’. Segundo Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, “Portugal tal como outros países, irá ver a sua economia contrair por força da Covid-19”. No entanto, “não cremos que vá alterar o rating de Portugal. Existe sim a probabilidade de mudar o outlook de ‘positivo’ para ‘neutral'”, assinala.

Em janeiro, a Moody’s manteve a notação da dívida soberana portuguesa inalterada em ‘Baa3’ e outlook ‘positivo’, optando por não publicar um relatório. Apesar de ter uma avaliação agendada, o calendário das agências de notação financeira é apenas indicativo e estas podem optar por não se pronunciarem.

“Em termos económicos a diferença é evidente, com o comportamento da economia no presente e no futuro a ser bem diferente da que justificava uma perspetiva positiva para a o rating”, explica Filipe Garcia, que salienta que em termos financeiros, se o ano passado “foi histórico” por se ter atingido um excedente orçamental, “este ano o déficie também fará História, pela negativa, fazendo aumentar o rácio dívida/PIB de forma muito material”.

Para o presidente da IMF, “em termos políticos, apesar de ser perfeitamente possível que o governo em funções termine a legislatura, percebe-se menos apoio por parte dos partidos à esquerda e a troca de ministro das Finanças também é um ponto a ter em conta”. Apesar de realçar que João Leão não sinaliza uma mudança de rumo, não deixa de ser uma alteração.

Também Filipe Silva destaca o impacto da revisão sobre o cenário macroeconómico e orçamental do país: “o défice que inicialmente estaria apontado para os 6%, deverá ser revisto em alta”, diz, acrescentando que “também é possível que alterem a sua previsão para o rácio de dívida sobre o PIB”.

“Os cortes de outlooks acabam por ser um reflexo do que está a acontecer globalmente, não obstante a contração económica pela qual estamos a passar, é muito difícil prever o que irá acontecer nos próximos meses quando a variável é um vírus, que consegue parar por completo setores da economia quase mundialmente”, sublinha.

Ainda assim, os analistas sublinham o impacto da política do Banco Central Europeu. “Temos toda a liquidez que está a ser colocada no mercado que irá permitir evitar defaults massivos que sem a mesma já estariam a acontecer”, assinala Filipe Silva.

Também Filipe Garcia antecipa que a instituição presidida por Christine Lagarde irá continuar com políticas monetárias” muito expansionistas, que facilitarão a colocação de dívida e a manutenção de juros baixos”.

“Esse apoio do BCE e o facto de esta recessão resultar de um problema comum, faz com que a subida do risco país tenha sido limitado até agora”, vinca.

A última agência a pronunciar-se sobre Portugal foi a Standard and Poor’s, a 24 de abril, que reviu em baixa o outlook da dívida pública portuguesa de positiva para estável, reafirmando o rating de ‘BBB’. Antes disso, a 17 de abril, numa avaliação não agendada, a Fitch reviu a perspetiva sobre a economia portuguesa de positiva para estável, mas manteve o rating em ‘BBB’.

Já a DBRS manteve o rating de Portugal em BBB (alto), com perspetiva estável, a 20 de março, mas sublinhou que a natureza “pequena e aberta” da economia portuguesa a colocava vulnerável ao contexto de crise provocada pela pandemia.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.