A Comissão de Trabalhadores (CT) dos CTT – Correios de Portugal foram ao Parlamento, na sexta-feira, 17 de julho, afirmar que a operadora postal não cumpre qualquer indicador de qualidade previsto no contrato de concessão, nomeadamente a distribuição nacional domiciliária, que está a “aproveitar” a pandemia para justificar incumprimentos e que tem aproveitado o atual contexto para não renovar contratos. Perante a acusação, os CTT enviaram às redações um comunicado, considerando que o CT faz afirmações “genericamente infundadas e frequentemente falsas” sobre o serviço de distribuição.
“Os CTT – Correios de Portugal, repudiam veementemente as declarações da comissão de trabalhadores dos CTT, prestadas esta sexta-feira [hoje] na comissão parlamentar da Economia e Obras Públicas por serem genericamente infundadas e frequentemente falsas”, lê-se no comunicado, enviado à redação na tarde de sexta-feira.
Os CTT reagiram, assim, às afirmações do coordenador do CT da operadora postal, José Rosário, durante a comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação. O responsável do CT afirmara que “faltam muitos trabalhadores nos CTT”, o que coloca a empresa a trabalhar com “muito menos pessoas”. E salientou a necessidade de um “investimento forte” na frota para a distribuição dos objetos.
“Desde o início da pandemia, há correio de dois em dois dias, a nível nacional. Não há distribuição nacional domiciliária diária. A distribuição é feita quando há pessoas, de dois em dois dias”, acrescentou.
Por sua vez, os Correios garantiram que o serviço de distribuição mantém-se, desde o início da pandemia da Covid-19, devido ao “decisivo esforço heróico” dos trabalhadores.
A empresa liderada por João Bento explicou que a manutenção do serviço foi possível também pela implementação de medidas de contingência para proteger os trabalhadores. Assim, os CTT têm operador através de um modelo de funcionamento com equipas de reserva nos centros de distribuição e tratamento do correio.
Ainda assim, os Correios admitiram que as medidas de contingência prejudicaram “a velocidade de distribuição em alguns dias e nalguns produtos. Mas defenderam que a continuidade do serviço só tem sido possível devido a essas medidas.
A CT acusou ainda os CTT de aproveitarem a pandemia para rescindir contratos e não renovar contratos de prestação de serviços, usando-a como “uma desculpa para justificar o incumprimento do contrato de concessão”. Neste ponto, os CTT rejeitaram a acusação “veementemente”.
Quanto à acusação por parte do CT falta de trabalhadores, os CTT garantiram que “nunca deixaram de gerir a adequação da dimensão das equipas à procura existente”. A empresa lembrou, no comunicado, que ainda antes de o Governo ter decretado o chamado desconfinamento, a operadora postal decidiu “reforçar as equipas em mais de 800 pessoas nas áreas operacionais”.
A empresa destacou também um investimento de mais de 15 milhões de euros em nova tecnologia de tratamento de correio, bem como a aquisição de 200 motociclos, o reforço da frota de distribuição com mais de 100 viaturas e o reforço da frota elétrica. Os CTT afirmaram que ao todo realizaram um investimento de mais de 500 mil euros em em camiões de transporte.
A reabertura de onze lojas em sedes de concelho e o investimento em novas instalações adaptadas a tráfego de maior volumetria, cujo montante não foi revelado, também são salientados pelos CTT.
Em sua defesa, a empresa liderada por João Bento frisou que para reagir “à brutal e súbita quebra dos proveitos”, introduziram o cartão-refeição, garantido que tal medida não representa uma perda de rendimentos.
Em maio passado, os sindicatos representativos de trabalhadores dos CTT pediram uma reunião ao ministro das Infraestruturas sobre o que chamaram “situações graves” na empresa que querem que volte para a tutela do Estado.
O contrato de concessão do serviço postal universal, que foi celebrado entre o Estado e os CTT, vigora até 31 de dezembro de 2020.
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