O Bastonário e o Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos, pediram nesta segunda-feira, 21 de, setembro, a divulgação urgente da Estratégia Outono-Inverno para a Saúde. E reclamam a atualização das normas e orientações técnicas, nomeadamente a norma da Direção-Geral da Saúde (DGS) relativa à abordagem do doente com suspeita ou infeção por SARS-CoV-2 que permitirá que os doentes que recuperam no domicílio façam o autorreporte dos sintomas, o que alivia a pressão sobre os profissionais de saúde. Apelo surge numa altura em que a Covid-19 já provocou mais de 960 mil mortos e 31 milhões de infetados em todo o mundo. E em Portugal, registou neste domingo, 20 de setembro, mais 552 pessoas infetadas e mais 13 mortes, valor mais alto desde 9 de julho.
“O Bastonário e o Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos, no início da estação do Outono e em face da atividade pandémica, no contexto nacional e internacional, vêm solicitar a divulgação urgente da Estratégia Outono-Inverno para a Saúde, bem como a atualização das normas e orientações técnicas, nomeadamente a Norma 004/2020 da DGS, de modo a garantir a melhor articulação e concertação das respostas a nível ambulatório e hospitalar, bem como, a uniformização das melhores práticas”, apela o bastonário num comunicado Gabinete de Crise da OM, intitulado “O Verão acaba hoje e o Outono começa amanhã”, divulgado nesta segunda-feira, 21 de setembro.
Recorde-se que o então secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales (entretanto nomeado secretário de Estado adjunto de Marta Temido), revelou no final de agosto que a atualização da Norma 004/2020 da DGS permitirá que os doentes que recuperam no domicílio façam o autorreporte dos sintomas, o que alivia a pressão sobre os profissionais de saúde.
Desta forma, destacou, estes profissionais podem “direcionar o tempo disponível para outras atividades igualmente importantes, não descurando o caráter primordial desta tarefa”, tendo Lacerda Sales lembrado que foram “contratados cerca de 4.500 profissionais de saúde para reforçar o Serviço Nacional de Saúde” desde o início da pandemia, e existe a preocupação de lhes dar “as melhores condições para que continuem a desempenhar as suas funções o melhor possível”.
A Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, esclareceu, na altura, que esta ferramenta se destina apenas aos doentes que cumpram um conjunto de condições, entre as quais apresentar um quadro clínico estável, ter menos de 60 anos e ter capacidade de utilizar ferramentas tecnológicas.
Segundo a especialista em saúde pública, as equipas de saúde fazem uma triagem prévia dos doentes que estão em casa e decidem quem está em condições para poder fazer em autorreporte.
Na plataforma TraceCovid, os utentes podem reportar os seus sintomas ou falta deles: “Se está bem, se tem tosse se tem febre, se melhorou ou piorou”, explicou Graça Freitas. A partir daí, as equipas de saúde verificam se é necessário outro tipo de intervenção. No entanto, ressalvou, dar os resultados dos testes ou dar alta ao doente continua a ser uma tarefa dos profissionais de saúde.
Ordem apela à importância da coesão nacional
O Bastonário e o gabinete de crise da OM apelam ainda “à importância da coesão nacional no combate à 2º onda pandémica que está a iniciar-se no continente europeu. Não sendo possível a prevenção absoluta, todos devemos adotar as medidas que maximizem a prevenção do risco de transmissão”.
Miguel Guimarães recomenda ainda a criação de equipas médicas de resposta em prontidão para situações complexas, como surtos em lares, compostas por médicos de Saúde Pública, médicos com experiência em Covid-19 e médicos de emergência, sob dependência das ARS, em ligação com o hospital de referência e coordenadas pelo INEM em colaboração com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). “Pretende-se garantir organização, comando, controlo e uma eficiente ligação com as estruturas locais com profissionais devidamente preparados e de acordo com as regras de Medicina de Catástrofe”, explica em comunicado.
A OM propõe também a criação de um modelo de coordenação regional das vagas em Enfermaria e Unidade de Cuidados Intensivos para os doentes com Covid-19 e de uma rede de transferência específica com os recursos humanos e técnicos adequados;
Em comunicado, salientam ainda “a necessidade urgente de reforço da capacidade laboratorial para a realização de testes rápidos de diagnóstico e/ou testes de infecciosidade que assegurem o menor impacto nas diferentes atividades sociais e económicas. Idealmente, criar as condições para o tecido industrial e académico nacionais produzirem testes rápidos”.
Utilização de máscara facial em espaços públicos abertos de acordo com risco
E reitera as medidas sugeridas no comunicado anterior de 10 de agosto, entre as quais a utilização de máscara facial em espaços públicos abertos de acordo com a avaliação do risco local e com a vantagem de contribuir para a proteção de outros vírus respiratórios. Na lista de medidas reclamadas pela OM consta ainda o rastreio precoce com teste de diagnóstico inicial nos contactos de alto risco dos casos confirmados.
É também sinalizada pela OM a necessidade de elaborar legislação específica e de normas de Saúde Pública para a realização de eventos de massas com critérios claros, uniformes e coerentes, de acordo com a avaliação do risco e o nível de atividade epidémica.
A OM reafirma, por último, “a necessidade imperiosa do adequado reforço” de recursos humanos na Linha de Saúde 24, nas equipas de Saúde Pública e no SNS e a monitorização dos níveis de burnout e sofrimento ético dos profissionais de saúde.
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