Já deverá ter reparado em máscaras descartáveis ou luvas abandonadas pelas ruas ou areais portugueses. Agora, uma equipa de cientistas da Universidade de Aveiro (UA) estudou a fundo os efeitos da pandemia na gestão sustentável de resíduos de plástico e na produção de lixo no país e concluiu que a quantidade de plásticos não reutilizáveis aumentou, sobretudo em embalagens de refeições (take-away) e materiais de proteção individual.
Houve, assim, retrocessos no âmbito da economia circular que desnecessários, uma vez que, na opinião dos autores, é possível garantir a segurança sanitária sem desprezar a preocupação ambiental. Joana Prata, Ana Luísa Silva, Armando Duarte e Teresa Rocha-Santos, investigadores do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA consideram urgente encontrar alternativas.
“Em muitas áreas do mundo a reciclagem dos plásticos parou, noutras as entidades debatiam-se com o tratamento adequado dos crescentes resíduos hospitalares potencialmente infeciosos”, pode ainda ler-se na análise, realizada em parceria com a Universidade de Dalhousie (Canadá), o Instituto de Diagnóstico Ambiental e Estudos da Água (Espanha) e a Beijing Normal University (China).
As primeiras autoras de uma série de três estudos científicos, Ana Luísa e Joana Prata, estimaram, com base em estratégias de saúde pública, que todos os meses são precisas 129 mil milhões de máscaras e 65 mil milhões de luvas no mundo inteiro.
“Não deveríamos descontinuar uma estratégia ambiental a longo-prazo quando é compatível com as atuais medidas de combate à pandemia e contribui para a futura preservação da saúde humana. Por exemplo, não há evidencias que a utilização de luvas descartáveis seja mais eficaz do que a correta higienização das mãos”, referem.
Volvido o Estado de Emergência e as fortes restrições à circulação, que foram positivos para o ambiente devido à redução da poluição atmosférica, os investigadores do CESAM) fazem agora recomendações de gestão coletiva e individual, recomendando que a utilização dos plásticos seja feito de uma forma responsável: otimização da sua produção, uso ponderada, substituição do descartável pelo reutilizável e gestão de resíduos eficaz e sustentável.
“Teremos de delinear estratégias para uma produção e utilização sustentáveis dos materiais plásticos em situação de emergência. Os plásticos podem ser bons ou maus, tudo depende da forma como são utilizados e descartados”, concluem.
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