O ministro dos Negócios Estrangeiros admitiu que os resultados obtidos pelo setor exportador durante e devido à pandemia “são dececionantes”, nomeadamente depois de um ano de 2019 em que as exportações representaram um elevado valor do PIB português.
Na sessão de abertura do evento Portugal Exportador, do qual o Jornal Económico é media partner, Augusto Santos Silva, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, apontou a necessidade de Portugal ser “muito firme na distinção entre o fenómeno de circunstância e de características estruturais da internacionalização da nossa economia”. Os números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística mostraram um retrato de um setor exportador positivo em 2019, uma vez que “a base exportadora se alargou e a dependência diminuiu”.
“Houve e há uma transformação na estrutura da economia portuguesa do ponto de vista da internacionalização – gradual, positiva e muito forte nos últimos anos”, descreveu Augusto Santos Silva no evento Portugal Exportador que decorre durante esta quarta-feira. O governante realçou ainda que “a transformação na estrutura mostrou que a internacionalização se faz sentir em todas as suas dimensões, sendo que o turismo foi durante vários anos o ‘almirante’ da transformação da economia portuguesa”.
Considera este ministro que esta mesma transformação positiva teve uma repercussão “em todos os setores e tornou obsoleta a distinção entre os ditos setores tradicionais e modernos da economia exportadora portuguesa”, sendo esta uma razão “que explica a sobrevivência, crescimento e subida na cadeia de valores que resulta da sua modernização”. Ainda assim, o ministro dá o exemplo do setor têxtil e do calçado, que são considerados setores tradicionais, “mas sempre foram muito fortes e orientados para o exterior e se têm sabido modernizar”.
Augusto Santos Silva realça que o retrato atual “mostra uma queda muito forte das exportações mas que foi menos intensa no terceiro trimestre”, demonstrando “uma pancada brutal sobre o setor exportador português”. Ainda assim, o governador acredita numa melhoria nos valores do quarto trimestre.
Observando o setor, o ministro sustenta que é interessante os bens mostrarem uma capacidade de serem menos prejudicados pela crise pandémica do que o setor dos serviços, demostrando que o “tecido económico e social tem uma capacidade elasticidade muito grande”, bem como resiliência.
O facto da “recuperação da crise estar desenhada como um duplo processo de recuperação e transformação” deixa Augusto Santos Silva bastante satisfeito, uma vez que “não se trata apenas de regressar aos níveis que tínhamos antes da pandemia mas também de aproveitar a recuperação para avançar na transição digital e verde”.
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