Na conferência “A banca pós-Covid”, organizada pelo Dinheiro Vivo e TSF, o tema das fusões e aquisições na banca voltou à baila.
Questionado sobre se o BCP está “comprador” em processos de fusões e aquisições, Miguel Maya começou por dizer que “é uma tendência de fundo e que vai haver consolidação nacional e depois europeia, cross-border. Vai acontecer. O motivo que se usa para justificar isso é que eu não gosto, que é o de dizerem que as fusões são inevitáveis porque a rentabilidade dos bancos é baixa. Gosto de uma economia alicerçada numa estrutura bancária muito competitiva”, disse.
“Em Portugal há algum espaço, não imenso, para consolidação bancária e o cross-border mais tarde, a três ou quatro anos”, disse Miguel Maya que recusa que a eficiência seja o trigger das fusões na banca. “O tema da escala não é crítico por causa do digital. É mais importante a agilidade que a escala”, defende o banqueiro.
Como é que o BCP se posiciona nisto? Miguel Maya começou por frisar que a estratégia do banco passa por “crescer de forma orgânica”.
Miguel Maya, CEO do BCP, reforça que “não temos nenhuma intenção de ser parte ativa de processos de consolidação em Portugal”. Mas sobre eventual interesse em outros bancos o responsável pelo maior banco privado disse metaforicamente que “não vou às compras, mas ando na rua e se vir uma peça pendurada que possa ser do meu interesse, olho para ela, analiso e tomarei as decisões“, disse o banqueiro que adiantou que o BCP tem as condições necessárias para entrar em processos dessa natureza.
O CEO do BCP reforçou várias vezes que à partida “não tem interesse”. O BCP “não tem nenhum interesse nisso”, ou seja, em adquirir outras instituições.
Sobre o BCP ser alvo de fusões cross border, Miguel Maya diz que não lhe “tiram o sono”, porque tem uma estrutura acionista que acredita no trabalho que o banco está a fazer.
“A minha preocupação é valorizar o banco”, disse o CEO do BCP. Sobre as fusões cross-border, “quando vierem” disse que “se forem bons para o país, para os bancos, para os acionistas, a gente fala deles”.
Tem surgido na imprensa, ao longo das últimas semanas, rumores de uma potencial fusão do BCP com outro bancos. O Millennium bcp foi mencionado recentemente, numa análise do Goldman Sachs, como podendo vir a ser integrado pelo CaixaBank ou o Santander no futuro.
Por sua vez, João Pedro Oliveira e Costa, CEO indigitado do BPI, disse que o seu foco é gerir o banco até porque se encontra inserido “num grupo que está numa atividade [de fusões] intensa neste momento”, referindo-se à fusão entre CaixaBank e Bankia, em Espanha.
Admite que as fusões na banca na Europa, por causa de ser um negócio de margens muitíssimo esmagadas, vão continuar.
O tema da consolidação na banca foi abordado também pelo administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD) que diz “fusões são confusões, e que olhando para o passado as fusões tiveram custos muito bem definidos e proveitos indefinidos”, disse José João Guilherme.
Miguel Belo de Carvalho, administrador do Santander Totta, lembrou que o Santander tem sido protagonista de fusões, e que o banco em Portugal participou em processos de consolidação. “Estamos muito confortável com a posição que temos de liderança no mercado. Fizemos um caminho”, disse o gestor.
“Estamos muito confortáveis com a posição que temos e não estamos à procura, em montras nenhumas, de peças que estejam penduradas. Mas qualquer um de nós pode tropeçar numa pedra que esteja no caminho e, se isso acontecer, estaremos preparados. Temos de estar preparados para dar as respostas que sejam necessárias a cada momento”, disse o administrador do Santander Portugal.
Resumindo, os maiores bancos a operar em Portugal garantem estar preparados para aproveitar a nova onda de consolidação da banca que grassa pela Europa, mas, para já, asseguram que não estão à procura de fusões bancárias. As ideias foram partilhadas durante a conferência Money Conference, organizada pelo Dinheiro Vivo e pela TSF, que decorreu esta sexta-feira, 20 de novembro.
Miguel Belo de Carvalho quis também queixar-se das contribuições e impostos que são aplicados aos bancos. À semelhança do que tinha já feito Miguel Maya, falou do peso que têm as contribuições para o Fundo de Resolução, bem como as contribuições especiais da banca nos custos do grupo. “Pesa 15% a 20% do total de custos do Santander Portugal”, disse.
Esses custos retiram capacidade de resposta à banca já que, por cada 50 milhões que se põe no Fundo de Resolução são menos 600 ou 700 milhões de euros de crédito disponível.
“São os bancos que estão a pagar, até 2046, o Fundo de Resolução, não é o Estado”, lembrou Miguel Belo de Carvalho.
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