[weglot_switcher]

Israel: coligação anti-Netanyahu ainda não desistiu de formar governo

O chamado ‘bloco de mudança’ tem poucos dias para conseguir uma coligação que tenha votos suficientes no Knesset para poder formar governo. Parecia já ter desistido, mas ainda ‘mexe’.
Atef Safadi/Reuters
24 Maio 2021, 18h20

O partido Yesh Atid, liderado por Yair Lapid, e a coligação Azul e Branco, liderada por Benjamin Gantz, anunciaram esta segunda-feira que fizeram progressos significativos para chegarem a um acordo sobre um governo de coligação e que continuariam a trabalhar para atingir esse objetivo.

O objetivo último é apresentar uma coligação que consiga fazer passar um executivo no Knesset, o parlamento israelita, que seja uma alternativa a mais um governo de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro interino. O cenário de guerra que se fez sentir nas últimas semanas quase deitou por terra a iniciativa do Yesk Atid – todos sabem que a guerra é o principal ‘cimento social’ do país desde a sua formação em 1948. Os jornais israelitas chegaram mesmo a anunciar o fim das conversações para a coligação ‘bloco de mudança’, mas, mal o cessar-fogo foi anunciado – e mais ou menos garantido no terreno – os opositores a Netanyahu vieram rapidamente recordar que ainda estão ativos e empenhados na formação da coligação.

“As equipas continuarão as negociações com o objetivo comum de estabelecerem uma mudança no governo e com o compromisso de Ganz e Lapid para atingirem a meta”, disseram os dois partidos em comunicado conjunto.

Mais tarde, o Yesh Atid e o Partido Trabalhista (de esquerda) também anunciaram o novo encontro entre as suas cúpulas e a existência de “progressos significativos” nas negociações entre as duas já esta segunda-feira.

Em mais um comunicado conjunto, ambas as partes disseram que foram alcançados acordos “numa grande parte das questões” e que as equipas de negociação vão continuar a encontrar-se em breve.

Yair Lapid têm apenas nove dias para estabelecer um governo antes que expire o mandato de 28 dias que lhe foi concedido pelo presidente Reuven Rivlin. Para piorar o momento, no dia seguinte ao fim do prazo, acaba o mandato de sete anos do próprio Rivlin – mas ninguém acredita que a 2 de junho Israel passe a contar com um novo presidente. Até porque, convém não esquecer, Netanyahu chegou a ser dado como altamente interessado no lugar (eleito diretamente pelo Knesset) para pode manter a imunidade face aos tribunais.

Nessa frente, o ainda primeiro-ministro teve uma segunda-feira difícil. Shaul Elovitch, o ex-proprietário do site de notícias Walla, disse há vários anos que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seus assessores comportavam-se como “criminosos” ao intervir na cobertura daquele órgão de comunicação, disse o ex-CEO do Walla, Ilan Yeshua, esta segunda-feira perante o tribunal que julga Netanyahu.

Yeshua é uma testemunha chave no chamado Caso 4000, no qual Netanyahu é acusado pelo Ministério Público de abuso de poder quando era primeiro-ministro e ministro das Comunicações de 2014 a 2017. Netanyahu é acusado ainda de transferir financiamento ilícito para o Walla, em troca de cobertura noticiosa positiva daquele órgão de comunicação.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.