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Brexit: Novos requisitos de contratação na Premier League beneficiam talentos da Liga portuguesa

Para integrar um plantel da Premier League, os jogadores terão de obter 15 pontos no sistema ‘points-based system’ elaborado pelo governo em conjunto com a federação inglesa de futebol (FA). O principal requisito é a representação internacional, ou seja, dependendo do ranking internacional da seleção nacional onde o jogador atua (top 30) basta apenas uma internacionalização para estar apto a rumar a Inglaterra.
23 Dezembro 2020, 18h00

Com a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) há um conjunto de novidades que vão para lá do campo político. Uma delas prende-se com o futebol e as respetivas contratações, uma vez que para jogar na Premier League clubes e dirigentes terão um sistema renovado de pontos, onde cada contratação terá de ser justificada pela prestação do jogador em causa, liga onde atua, número de minutos jogados, classificação, presença nas seleções, entre outros requisitos.

Para integrar um plantel da Premier League, os jogadores terão de obter 15 pontos no sistema ‘points-based system’ elaborado pelo Governo em conjunto com a federação inglesa de futebol (FA). O principal requisito é a representação internacional, ou seja, dependendo do ranking internacional da seleção nacional onde o jogador atua (top 30) basta apenas uma internacionalização para estar apto a ingressar num clube dos dois principais escalões do Reino Unido, uma vez que obtém os 15 pontos automaticamente, mantendo-se o sistema anteriormente em vigor destinado a jogadores estrangeiros.

A partir daqui os requisitos complicam-se. O sistema de pontos tem por base a liga onde o jogador atua e, como consequência, dependerá sempre não só da prestação individual do jogador, como também da prestação coletiva da equipa e a classificação final ou as prestações nas taças domésticas. Depois, consoante a avaliação da FA, e a distribuição das ligas por potes, seis no total, atribuirá mais ou menos pontos dependendo da liga. Neste campo, a liga portuguesa ganha destaque com o novo sistema de pontos, uma vez que está integrada no pote 2 juntamente com a liga holandesa, belga, turca e a segunda liga inglesa.

Um jogador que esteja integrado numa equipa portuguesa até ao final da época, e que conste pelo menos numa lista de jogo, receberá automaticamente 10 pontos. Faltando apenas cinco pontos para estar apto a ingressar na Premier League, bastará jogar entre 60% a 69% dos minutos na liga portuguesa (cinco pontos), mesmo que seja numa equipa com uma prestação a baixo do meio da tabela.

Para o caso das equipas que jogam competições continentais, as transferências, à partida, serão mais facilitadas, ou seja, os jogadores da equipa que se qualifique para a fase de grupos da Liga Europa, por exemplo, obtém automaticamente dois pontos e, caso passem à fase seguinte, recebem mais três. Se a classificação na liga doméstica for a de qualificação para uma competição europeia, o jogador (presente em pelo menos uma ficha de jogo) receberá mais dois pontos. Depois volta a entrar a percentagem de minutos em que o jogador representou a equipa nas competições domésticas e internacionais (caso seja esse o caso), onde poderá facilmente obter os pontos que restam.

Luís Cassiano Neves, sócio da 14 Sports Law, explica que o impacto do Brexit no futebol português será positivo, “aquele posicionamento estratégico do clube nacional, que é um clube que vive muito da receita extraordinária decorrente das vendas, que é um clube que se especializa no scouting e na identificação precoce de talento, para depois estar na montra do campeonato português e transitar para os melhores campeonatos mundiais, incluindo o inglês, esse papel do campeonato português fica, não só salvaguardado, como até reforçado face a outros campeonatos concorrentes com o português enquanto campeonatos vendedores”.

“Portugal vê confirmado nos critérios a qualidade do seu futebol. Portugal é um campeonato de tier 2, porque, de facto, os ingleses consideram que a maioria dos jogadores que aqui jogam estarão, à partida, em condições de serem também competitivos em Inglaterra, ainda que sujeitos ao critério desportivo de cada um dos clubes”, acrescenta Cassiano Neves em declarações ao Jornal Económico.

Ainda assim, nem tudo são boas notícias. Ao abrigo da lei internacional emitida pela FIFA, que impede os jogadores menores de 18 anos de se transferirem internacionalmente, com exceção para países dentro da União Europeia, a saída do Reino Unido da UE vai fazer com que o impedimento seja alargado a terras de sua majestade, considerando estrangeiros todos os jogadores provenientes de países europeus. Por um lado, será uma oportunidade para os clubes portugueses reterem mais talento, mas por outro a perspetiva da formação num dos melhores e mais competitivos campeonatos do mundo fica bastante limitada, com apenas algumas exceções para estudantes.

Por fim, para os jogadores que não consigam obter a pontuação necessária para estarem aptos a transferir-se para o campeonato inglês, continuará em vigor o sistema de critérios excecionais, dos quais resultaram as transferências de Hélder Costa e Ivan Cavaleiro, que será avaliado por um conjunto de especialistas da federação inglesa de futebol, para apurar se há ou não condições para se concretizar a dita transferência. Ainda assim, esta parte dos critérios continua por esclarecer, uma vez que a FA não emitiu indicações concretas nesse sentido.

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