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FMI: Portugal reforçou a economia, mas há “importantes legados da crise”

O Fundo voltou a defender a necessidade de Portugal adotar reformas estruturais, nomeadamente na flexibilização do mercado de trabalho. Maior investimento e produtivo são apontados como pontos essenciais para aumentar o potencial de crescimento do país.
23 Fevereiro 2018, 15h00

O Fundo Monetário Internacional (FMI) continua confiante quanto ao crescimento económico português, mas considera que ainda há cicatrizes da crise. No relatório da sexta avaliação pós-programa, conhecido esta sexta-feira, a instituição aponta para o fardo da dívida pública, o elevado endividamento das empresas e o crédito malparado como os principais problemas.

“Apoiado por um ambiente externo benigno, o crescimento rico em emprego e de base ampla ganhou impulso desde o final de 2016, contribuindo para resultados orçamentais melhores que o previsto em 2017, incluindo a saída do Procedimento por Défice Excessivo da Comissão Europeia”, explicou o relatório, acrescentando que os “riscos negativos no curto prazo são na sua maioria de natureza externa e parecem moderados”.

O FMI não reviu as perspetivas de crescimento para Portugal e mantêm a projeção de uma aceleração do produto interno bruto (PIB) de 2,6% no ano passado, 2,2% este ano e 1,8% em 2019.

A melhoria da estabilidade financeira no último ano também é apontada pelo FMI, que refere como positivos o aumento de capital de vários bancos, a venda do Novo Banco, a redução dos non-performing loans (NPL) e o regresso dos bancos a lucros, mesmo que moderados.

“Apesar dos recentes desenvolvimentos económicos positivos, permanecem importantes legados da crise”, alertou o FMI.

Segundo a instituição, o endividamento do setor privado não-financeiro continua elevado face aos standards da Europa e é uma vulnerabilidade para o país. Já o crédito malparado, apesar de estar a diminuir, continua elevado e a restringir a capacidade dos bancos de terem acesso a novos créditos de investimento.

O FMI lembra também que a dívida pública portuguesa é a terceira maior da zona euro (nos 126% do PIB, apenas atrás da Grécia e Itália). Apesar de a instituição esperar uma redução do rácio da dívida para 108% do PIB até 2023, este valor continua deixar Portugal vulnerável a subidas inesperadas nas taxas de juro, à normalização da política monetária ou a recuos cíclicos da economia tanto no país como em parceiros comerciais.

“Aumentar o potencial de crescimento da economia e a resiliência aos choques exigirá novas reformas estruturais e maior investimento e produtividade”, defende, por isso, o FMI. “Para a economia absorver choques negativos e se adaptar a novas oportunidades, um mercado de trabalho flexível é fundamental. A flexibilidade precisa ser preservada mesmo quando existe um ambiente com empregos mais estáveis”.

“O investimento tem de subir substancialmente para aumentar o potencial de crescimento da economia a médio prazo. Preservar o equilíbrio externo enquanto aumenta o investimento exige também fortalecer as taxas de poupança nacionais. Juntamente com as iniciativas em curso para desenvolver o capital humano, as reformas estruturais devem incluir esforços para continuar a melhorar o ambiente de negócios”, acrescentou o Fundo.

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