Há um banco espanhol a dar o tiro de partida para o regresso aos créditos hipotecários a 100% ou mais do valor do imóvel: o BBVA.
O espanhol BBVA deu mais um passo na sua estratégia de atrair clientes e nas últimas semanas tem promovido a comercialização de hipotecas que cobrem 100% do valor do imóvel, ou mesmo mais de 100% do valor da avaliação da casa. Desta forma, torna-se o primeiro banco que oferece estas condições, que até agora eram muito limitadas por todo o setor a determinados clientes que adquiriram apartamentos executados por incumprimento de crédito (o grande ónus que afecta o sistema), avança o El Economista.
Em Portugal, até ao momento não há conhecimento de nenhum banco que esteja a regressar a essas práticas, muito habituais antes da crise financeira.
Este tipo de hipotecas, que os bancos centrais consideram de alto risco, eram concedidas por todas as instituições de crédito na altura do boom do crédito e foi uma das causas que levaram ao colapso do setor, com a bolha imobiliária (em Espanha).
A recuperação da economia e da construção, juntamente com a necessidade de a banca aumentar a rentabilidade através de um aumento dos negócios, levou o BBVA a abrir mão da sua política comercial.
Até agora, o banco oferecia preços diferenciados nas suas hipotecas com base na renda mensal dos clientes, ou seja, com base em sua capacidade de pagamento (taxa de esforço). Atualmente, essa segmentação está focada no pedido de financiamento, conhecido como Loan to Value (LTV), ou seja, o dinheiro que o cliente recebe sobre o valor avaliado ao adquirir qualquer tipo de imóvel para primeira morada, diz o El Economista.
Esta diferenciação aplica-se tanto a hipotecas de taxa variável como de fixa. Neste caso, que são encorajadas pelas expectativas de um aumento do preço do dinheiro a partir de 2019, o BBVA oferece Euribor mais um spread de 0,99%, exceto no primeiro ano, se o chamado LTV for inferior a 80%. Se essa percentagem for maior, o spread aumenta para 1,25%. O banco também admite que possam ser encontradas soluções, caso o cliente necessite de um empréstimo maior para a compra de casa, que poderia ser instrumentalizado através da assinatura de um crédito ao consumo ou empréstimo pessoal.
Essa maior flexibilidade na política de concessão de crédito leva, no entanto, a condições de associação mais exigentes. Os clientes, para poderem aceder às vantagens do empréstimo, devem ter contratado não apenas o débito direto da folha de pagamento ou pensão, mas devem ter um seguro de vida, outro de casa e um plano de pensões com uma contribuição anual mínima de 600 euros. No caso de o LTV exceder 100%, o banco poderá exigir garantias adicionais ao apartamento hipotecado, a fim de garantir a recuperação do valor concedido, relata o El Economista.
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