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Pensar a Madeira para lá do Turismo!

Num horizonte de 10 a 15 anos, só o CINM – Centro Internacional de Negócios da Madeira poderá dar à economia madeirense as condições de estabilidade e resiliência que precisa quanto à atracção de investimento directo estrangeiro, criação de emprego. qualificado e geração de receita fiscal.
7 Maio 2018, 07h15

Recentemente decorreu na Madeira uma conferência sobre o tema “Perspectivas de Desenvolvimento Económico e Social da Madeira”, que refletiu sobre os ciclos e eventos económicos da Madeira nos últimos anos. Da análise feita – com a participação do ex-ministro da Saúde, António Correia de Campos, podemos identificar três fases:

(i) uma primeira fase até 2007/2008 marcada pelo lançamento das grandes obras públicas e em que a economia regional se encontrava fortemente alicerçada no sector da construção; (ii) uma segunda fase entre 2008 e 2015 de
extrema contração económica marcada pelo fim das grandes obras públicas, pela crise económica que assolou o mundo e a aplica- ção do ainda mais restritivo PAEF – Plano de Assistência Económica e Financeiro à Madeira que provocou todas as consequências para a economia regional que são conhecidas por todos e (iii) de 2016 até à data, uma (ainda tímida) recuperação económica alicerçada no facto do Turismo em Portugal e na Madeira estarem “em alta”.

Gostaria de ter ouvido falar sobre as perspetivas para o futuro da economia madeirense e arrisco aqui uma breve nota. Uma primeira ressalva (e um alerta) prende-se com o facto do sector do Turismo a nível global se caracterizar por enorme volatilidade e ser sujeito a forças concorrenciais brutais entre destinos turísticos.

Com isto pretendo dizer de forma clara que a economia regional madeirense não pode contar só com o Turismo para poder sobreviver e prosperar nos próximos 10 a 15 anos. Não desprezando o mérito e criação de valor do Destino Madeira, a região tem beneficiado largamente da deterioração das condições de segurança e estabilidade social (e atentados terroristas) nos destinos turísticos concorrentes da Madeira, como o Egipto, a Tunísia e a própria Grécia e Sul da Europa (crises de migrantes e a instabilidade da Síria).

Mas à medida que estes destinos estabilizarem, regressará também a sua atratividade e competitividade turística, ou seja, os “bons ventos” do sector do Turismo que se têm vindo a sentir podem “amainar” e nesse momento necessitaremos de uma economia regional diversificada e resiliente.

Num horizonte de 10 a 15 anos, só o CINM – Centro Internacional de Negócios da Madeira poderá dar à economia regional madeirense as condições de estabilidade e resiliência que precisa quanto à atracção de investimento directo
estrangeiro, criação de emprego qualificado e geração de receita fiscal, tudo factores fundamentais para que a nossa economia possa crescer e prosperar de forma sólida e sustentada.

O recente acordo entre o Governo PS e o PSD sobre a descentralização deve ser um primeiro passo para um consenso alargado sobre um regime para o CINM estável, previsível e competitivo a nível global capaz de atrair um largo espectro de investidores e empresas que venham para ficar.

Só assim podemos pensar em criação de emprego qualificado, em diminuir a dependência do orçamento nacional e garantir as necessárias condições de resiliência e estabilidade da economia madeirense que permita aos nossos filhos e netos olhar para o futuro com confiança!

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