Ser confrontado com a pobreza é, ou deveria ser, para qualquer ser humano um momento doloroso.

Certamente já todos nós o fomos. Com a pobreza evidente e visível, mas, também, com aquela que se intui. Nos comportamentos, nas ausências, nas fugas.

Mas, à realidade atomística que cada um de nós vê, ou percepciona, sobrepõe-se a dimensão global do fenómeno.

Basta sabermos que o salário médio mensal em Portugal não ultrapassa os mil e duzentos euros (após IRS e Segurança Social novecentos e cinquenta euros), para percebermos a dura realidade da vida de muitos portugueses.

Situação que se agrava quando pensamos nos pensionistas e na pensão média mensal de pouco mais de seiscentos euros.

Já sabíamos tudo isto há muito.

Mas saber que Portugal é o 8º país da União Europeia com maior risco de pobreza ou exclusão social é, incontestavelmente, um revés político e moral para todos quantos acreditamos que é possível construir uma sociedade mais justa e equitativa.

Se 2,3 milhões de portugueses, 22,4% da população, está risco de pobreza ou exclusão social, isso equivale a dizer que cada um de nós conhece, obrigatoriamente, vários concidadãos nesta situação.

Se olharmos em volta e não nos ocorrer ninguém, de duas uma, ou vivemos numa torre de marfim, ou os rendimentos percebidos e os rendimentos declarados não são os mesmos.

Seria bom sabermos a verdade. Só assim se poderá agir no sentido certo. E urge agir.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.